A Usina de Reciclagem, local de trabalho dos recicladores da Associação Recibela, ainda não tem previsão de quando será desinterditada. Na tarde de ontem, uma reunião entre a Codepas (empresa responsável pela Central de Resíduos Sólidos) e o Ministério do Trabalho foi realizada para tentar solucionar a situação e retomar as atividades, mas o pedido de levantamento da interdição apresentado pela empresa foi negado. O presidente da Codepas, Tadeu Karczeski, garantiu que os ajustes que podem ser realizados sem licitação serão providenciados e apresentados ao Ministério do Trabalho até sexta-feira (14).
Karczeski disse ainda que um técnico em segurança do trabalho esteve na usina para averiguar a situação e, ao contrário do Ministério, avaliou que as condições atuais, com as melhorias realizadas na rede elétrica e em alguns dos equipamentos que representariam riscos, durante este período de interdição, já seriam suficientes para permitir o funcionamento das esteiras. Porém, atender os 19 termos encaminhados pelo Ministério necessitaria de investimento alto, em torno de 200 mil reais, algo impossível para o momento. Segundo Tadeu, a empresa não recebeu qualquer aviso prévio para realizar as adequações. “Os termos se referem a questões que poderiam causar acidentes, entre elas, rede elétrica, prensas, escadas, proteções... Conseguimos atender parcialmente às exigências, mas o restante trata-se de cobranças incabíveis, que vão além do ideal para realizar as atividades e precisariam, pelo menos, um prazo de seis meses para serem resolvidas”.
Na última quinta-feira (6), os recicladores foram até o Ministério Público em reunião com o promotor de justiça, o presidente da Codepas e o secretário executivo da Associação das Entidades do Projeto TransformAção, mas nada ficou resolvido. Enquanto isso, os trabalhadores continuam impedidos de utilizar equipamentos elétricos para realizar o trabalho. De acordo com Tadeu Karczeski, caso não ocorra a liberação da usina, as famílias integrantes do Recibela só terão uma saída: realizar o trabalho sem utilização das esteiras de triagem, fazendo tudo manualmente e direto das pilhas de lixo, o que ele considera ainda mais insalubre, pois gera exposição e contato maior com os resíduos.
Por outro lado, disse que a ameaça dos recicladores, que pretendem fechar os portões da Central e impossibilitar a entrada do lixo recolhido pelos caminhões, é ilegal. “A Codepas respeita posição, mas, pessoalmente, entendo que este tipo de protesto é improdutivo e desrespeita o direito de ir e vir. Se eles desejam protestar, precisam ir ao Ministério do Trabalho. A interdição não foi emitida pelo Codepas e nem pelo município. Fechar os portões e impossibilitar que o restante do trabalho seja realizado não vai resolver a situação”.