Identificadas com crachás, algumas crianças se organizam atrás de mesas enfeitadas com balões, vendendo os produtos; algumas ficam ao lado de uma caixinha de sapatos, onde guardam as moedas recebidas; as demais ficam na entrada do prédio, fazendo papel de recepcionistas. As vozes agudas conversam, discutem, fazem perguntas, riem.
Trata-se da lojinha de ervas aromáticas dos alunos do primeiro, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Daniel Dipp inaugurada nesta terça-feira (11), em cerimônia com pais, alunos, professores e orientadores do SEBRAE. A iniciativa faz parte do projeto Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), do SEBRAE, para que alunos do ensino fundamental sejam introduzidos à cultura empreendedora. A professora e orientadora educacional Maria Andréia Reginatto Bernardon, que realiza o trabalho na escola Daniel Dipp desde abril deste ano, conta que toda essa animação não é exclusiva da ocasião. “Hoje a maior euforia é por causa das moedinhas que eles recebem na lojinha, vendendo para as crianças das outras turmas. Eles falam ‘meu deus, professora, quanto dinheiro’. Mas desde o início eles sempre foram interessados”.
Apesar da ajuda dos professores, os alunos são os principais responsáveis por tudo. Maria Andréia mostra na sala de aula os papéis expostos na parede, com o planejamento da loja, o cronograma e o resultado da pesquisa de campo – os alunos perguntaram aos pais e conhecidos qual essência para os sachês aromáticos eles gostavam mais. Além disso, eles mesmos confeccionaram as embalagens, distribuíram cartões da loja e teriam preparado, também, as ervas aromáticas, se a professora não tivesse percebido que o cheiro era forte demais para alguns. “Quando notei que o aroma dava dor de cabeça neles, convidei os pais para ajudarem a preparar. Então, mais do que tudo, é uma atividade que envolve a comunidade.”
Antes de realizar o projeto, os professores participantes recebem 45 horas de capacitação, para que saibam a melhor maneira de inserir práticas de aprendizagem baseadas na autonomia do aluno, sensibilizando-o a observar, planejar e, até mesmo, assumir riscos. O objetivo é ajudá-lo a desenvolver, desde cedo, os atributos necessários para gerenciar a própria vida – pessoal, profissional e social. “Mas não é só sobre empreendedorismo”, conta a professora. “Eles precisam da alfabetização na elaboração da lojinha, precisam de noções de história e geografia para saber quando esta erva deve ser plantada, precisam da matemática para vender os produtos. Então há uma ligação entre todas a disciplinas”.
Empreendedorismo infantil
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