As sociedades e as economias dos países são afetadas pelos ciclos de desenvolvimento econômico. Desde a revolução industrial experimentamos mudanças no padrão de vida das pessoas. Com o passar do tempo essas mudanças aceleraram-se de tal maneira que muitos passaram a ser excluídos e referidos como analfabetos digitais.
Acentuam-se estes fenômenos de mudanças em padrões de vida, desde a primeira revolução industrial, onde em vários países europeus trabalhadores camponeses deixaram suas atividades e passaram a produzir peças, equipamentos industriais.
No Brasil, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) que a indústria brasileira ganhou um grande impulso. Vargas teve como objetivo principal efetivar a industrialização do país, privilegiando as indústrias nacionais, para não deixar o Brasil cair na dependência externa. Com leis voltadas para a regulamentação do mercado de trabalho, medidas protecionistas e investimentos em infraestrutura, a indústria nacional cresceu significativamente nas décadas de 1930-40. Porém, este desenvolvimento continuou restrito aos grandes centros urbanos da região sudeste, provocando uma grande disparidade regional.
Durante este período, a indústria também se beneficiou com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois, os países europeus, estavam com suas indústrias arrasadas, necessitando importar produtos industrializados de outros países, entre eles o Brasil.
Com a campanha “o petróleo é nosso”, surgiu a Petrobrás (1953), ocorreu um grande desenvolvimento das indústrias ligadas à produção de gêneros derivados do petróleo tais como borracha sintética, tintas, plásticos, fertilizantes, gás entre tantos outros.
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956 -1960) o desenvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e feições, com o slogon 50 anos em 5, JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo indústrias multinacionais. Foi durante este período que ocorreu a instalação de montadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors, Volkswagen e Willys) em território brasileiro.
O atual momento da industrialização do Brasil é o da “reprimarização econômica”, que segundo Benjamim Steinbruch deve-se ao aumento do peso do setor primário na atividade pode ser facilmente observado. A indústria perde participação no PIB desde 1985, quando atingiu 27,5%, caindo hoje para algo em torno de 13%. O número de pessoas ocupadas na indústria era, no ano passado, praticamente o mesmo do de 2001.
Alavancar sucessivos recordes de produção agrícola, e alcançar 200 milhões de toneladas para um país que em 1998 não chegava a 70 milhões, é um avanço e tanto. Virtudes decorrentes da grande extensão territorial, solo fértil, água, agricultores que se transformaram em empresários do agronegócio, tecnologia de ponta. Neste cenário é fundamental industrializar a produção primária, ao industrializar o valor agregado é maior e rompemos com a cultura da descoberta brasileira do ano 1500 que sempre foi exportar produtos primários, ou seja, commodities agrícolas ou minerais. Exportar alimentos prontos, acabados, agregaria valor e as margens seriam maiores e o acumulo de empregos nesta cadeia seria imensamente superior ao que temos hoje. Se fossemos uma economia com potencial de industrializar nossa produção, certamente reduziríamos a dependência da China, Estados Unidos e Europa.
As empresas no Brasil carecem de encontrar um ambiente econômico e político equilibrado para o longo prazo. No Brasil as decisões são curtas e sofrem em demasia com a interferência do estado brasileiro nas decisões de longo prazo, praticamente nenhum empresário compra riscos de investimentos de longo prazo sem a participação do estado, seja via BNDES, Banco do Brasil, Caixa e Fundos de pensão. Com isso nosso modelo de industrialização ainda pertence ao século ao início do século XX. Enquanto o mundo fala na Revolução Industrial 4.0.
Adriano José da Silva
Coordenador da Escola de Administração da IMED