O mormo é uma doença infectocontagiosa que tem ocasionado sérios transtornos em vários países do mundo. É considerada uma enfermidade reemergente, uma vez que novos casos têm sido descritos em diferentes países, após vários anos de controle. Por ser uma zoonose, além do impacto na saúde de equídeos e outros mamíferos, ganha notoriedade em razão da possível transmissão ao homem e seus desdobramentos na saúde pública.
Com o objetivo de promover a divulgação do conhecimento acerca dessa enfermidade, a Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (FAMV/UPF), com o apoio de vários segmentos da cadeia produtiva equina, realizou ontem, o II Fórum Gaúcho do Mormo. O evento contou com segue durante a tarde, com participação de pesquisadores, técnicos e especialistas da área. Além do fórum, uma conferência internacional será realizada nesta sexta-feira, dia 21 de outubro, com a participação de conferencistas de países como Alemanha, França, Estados Unidos e Paquistão.
Presente na solenidade de abertura, o vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Leonardo Barcellos, evidenciou que o curso de Medicina Veterinária da UPF tem uma trajetória consolidada, que credencia a realizar esse momento importante de discussão sobre o mormo. “Neste ano, o cenário mudou muito em relação ao mormo: há mais conhecimento em relação à zoonose. Difundir esse conhecimento cada vez mais e ouvir opiniões externas é muito importante”, destacou.
O mormo já foi objeto de discussão no primeiro fórum realizado em 2015 e, devido à importância do tema, a UPF implementou um projeto de extensão para dar continuidade às ações propostas nessa primeira edição do evento. A vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, Bernadete Dalmolin, explica que a realização do fórum é uma das tantas ações desenvolvidas por esse projeto. “É importante que a Universidade seja mobilizadora, que possa contribuir com a construção do conhecimento. O mundo se transforma e as doenças também. É nosso papel protagonizar esse trabalho que contribui com a qualidade da saúde tanto de animais quanto de pessoas e alertar para esse que é um problema de saúde pública. Somos agentes mobilizadores, para que a comunidade esteja alerta sobre um problema epidemiológico dessa magnitude e para outros que possam ocorrer”, avaliou.
A solenidade de abertura contou ainda com a presença de autoridades municipais e estaduais, representantes do Executivo e Legislativo municipal, do Conselho Regional de Medicina Veterinária, da secretaria de Agricultura e do Ministério de Agricultura.
O fórum
Coordenador do fórum e também do projeto de extensão que vem trabalhando questões relacionadas ao mormo, o professor João Ignácio do Canto destacou que na primeira edição do evento, em 2015, já foram construídas propostas, porém, é necessário seguir em dinâmica continuada para buscar resultados efetivos. “Neste segundo fórum, vamos verificar o que avançou e o novo cenário que temos em relação ao mormo. A legislação federal sobre essa enfermidade precisa sofrer mudanças, baseada em conceitos científicos e a intenção é reunir lideranças de pesquisa, para que possamos dar esse encaminhamento”, apontou. De acordo com Canto, desde 2015 houve avanços em relação ao diagnóstico, no entanto, é preciso encontrar novas ferramentas. “Temos muito ainda o que trabalhar, especialmente uma transição cultural. Isso porque só conseguimos mudança efetiva se houver colaboração e comprometimento de todos os elos da cadeia produtiva”, salientou.
Programação
Na manhã de quinta-feira, a evolução do mormo no estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foi o tema abordado, respectivamente, pelo veterinário Fiscal Estadual da Secretaria de Agricultura Gustavo Nogueira Diehl, pela veterinária da Defesa Sanitária Animal Eleanora Schmitt Machado e pela veterinária Fiscal Estadual da Adapar Pauline Sperka de Souza. Ainda, o promotor de Justiça do Ministério Público Estadual, Paulo Cirne, abordou o “Olhar jurídico sobre bem-estar animal no controle e erradicação do mormo”; o procurador Chefe da PGE de Passo Fundo, Luiz Gustavo Borges Carlosso, versou sobre a “Inserção da Procuradoria Geral do Estado nas ações sobre o mormo no RS”; e, por fim, o Magistrado do Tribunal de Justiça do RS Marcel Andreatta de Miranda promoveu uma “Reflexão sobre democracia e seus impactos na saúde animal e saúde pública”.
À tarde, foram abordados os temas sobre: “Laboratório de anemia infecciosa equina da UPF, resultados e potencialidades”; “Implantação do diagnóstico de mormo no Lanagro”; “O diagnóstico sorológico do mormo e suas peculiaridades”; “Utilização da prova de Elisa para o diagnóstico do mormo”; “Programa de defesa sanitária para o controle e erradicação do mormo no Brasil”; “Importância da necropsia como ferramenta de diagnóstico complementar”; “Regras para entrada de equinos importados nos Estados Unidos”; e “Apresentação do Laboratório de Referência da União Europeia”. Os temas também serão ampliados em painéis para discussão e espaço para perguntas.
Conferência internacional
Além da programação do fórum, haverá uma conferência internacional nesta sexta-feira, dia 21 de outubro, no auditório da pós-graduação da FAMV. O custo é de R$ 50,00 e há 80 vagas disponíveis. Haverá transmissão simultânea no auditório da Faculdade de Direito. O custo é de R$ 20,00 e são 250 vagas.