O grande volume de chuva na semana passada fez com que um barranco cedesse na Vila Manoel Portela, próximo à Prefeitura Municipal. O maior medo dos moradores do local é que a chuva retorne nesta semana, conforme indica a previsão, e o barranco ceda ainda mais, deixando as residências em risco de desabar.
Residente do local há 38 anos, José Abel Moraes conta que há cerca de seis anos o barranco havia deslizado totalmente, chegando à distância de um metro das residências da rua. Naquele ano, entendendo que o local oferecia riscos para os moradores, a ideia da Prefeitura era de realocar as famílias que viviam abaixo do barranco e aterrar a localidade, a fim de evitar novos deslizamentos. Alguns moradores aceitaram a medida, mas o restante se negou a sair e proibiu a entrada dos caminhões da Prefeitura. O jeito foi aterrar apenas até um limite – o suficiente para permitir a passagem de carros e o trânsito de pedestres, sem que caísse nas casas abaixo do barranco – e asfaltar a rua. Os demais moradores entendem que isto não basta. Preocupado, José chama a atenção da neta quando ela se aproxima do declive para espiar. Tem medo que o asfalto ceda e a menina caia. “Toda vez que chove é esse perigo, não tem proteção e as pessoas da área de risco se negam a sair”, diz. A filha do aposentado era uma das pessoas que viviam abaixo do barranco, mas por questões de segurança aceitou a orientação da Prefeitura e mudou-se com sua família para uma nova casa.
O soldador Telmo Mello mora no local há menos tempo que José, mas nos 15 anos em que vive ali também passou por momentos de apreensão durante a ocorrência de chuvas intensas. “Todos os anos cede um pouco e a gente fica com medo porque várias crianças passam por aqui e, sabe como é, criança é curiosa... Imagina se cai no barranco?”. Segundo Telmo, a Defesa Civil visitou o local para abrir inquérito, encaminhar a situação à prefeitura e, provisoriamente, isolar o local com uma fita. Na ocasião, entregou também uma notificação a cerca de quatro famílias que residem na área de risco, demandando que saiam do local o quanto antes. O coordenador da Defesa Civil de Passo Fundo, Ruberson Stieven, disse que, por enquanto, estes moradores notificados têm a opção de ficar em casas de familiares ou procurar o município, que oferece suporte para o acolhimento.
O Secretário de Obras, João Bordin, argumenta que a situação é delicada, pois os moradores que ocupam a área não aceitaram as propostas anteriores de remanejá-los, mesmo sabendo dos riscos em continuar ali. “O melhor a fazer ainda é realocar estes moradores. Não se pode simplesmente aterrar com as pessoas lá, a terra cairia nas casas. Tem também a questão a vegetação... É uma Área de Preservação Ambiental, as árvores seriam soterradas, então há esta preocupação. Por isso o estudo está sendo realizado em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente”. Bordin informou que a Procuradoria Geral Municipal também está estudando a situação e deve apresentar proposta de solução nos próximos dias.
Residências em risco de desabamento
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