OPINIÃO

Empresas familiares: desafio da sucessão

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+


O pai o avô são as figuras que desenvolveram e concretizaram os negócios, sendo assim tornaram-se figuras de extrema relevância para as empresas e exemplo a ser seguido pelos seus familiares. O fundador tem o backup da organização, pois, foi ele que fundou, viu crescer e tem todo o conhecimento sobre a empresa e sempre sabe e demonstrar a melhor forma de solucionar cada tipo de problema corporativo.
A imagem percebida pelo mercado e da própria organização está diretamente ligada vinculada a personalidade do seu fundador/patriarca. Seus princípios, crenças e valores foram se incorporando ao longo do tempo na maneira de atuação da empresa, definindo claramente que tipo de posicionamento ela apresenta para os funcionários, aos clientes à comunidade.
Por ser uma empresa familiar, geralmente é pautada em quatro pilares que foram adotados pelo fundador no início do negócio: a) Palavra/Credibilidade; b) Perseverança;
c) Carisma/Liderança; d) Cultura. Os modelos hierárquicos que ainda hoje imperam na nossa cultura, inclusive organizacional, foram herdados da época da revolução industrial, que se inspirou em organogramas de exércitos para gerir as indústrias. O tempo passou e as empresas foram se solidificando baseadas nesta cultura de um único dirigente, o qual teria todos os poderes em relação à companhia, depositados em sua pessoa.
Nas empresas familiares, a Governança Corporativa corre o risco de não se concretizar devido à sua composição societária. Os acionistas, que muitas vezes são herdeiros, passam a enxergar o negócio como continuidade da família, e assim, não conseguem separar os papéis de herdeiro, acionista, sucessor, gestor e de proprietário de um patrimônio.
Por exemplo, numa sociedade de primos, há a necessidade de organizar as demandas individuais, dos núcleos familiares e por último da família como um todo, incluindo o fundador, sua esposa, seus filhos, seus netos e os respectivos cônjuges. A partir da segunda geração, torna-se eminente a necessidade da Governança Familiar, que consiste em um processo através do qual a família se organiza, criando estruturas formais de comunicação e interação com a empresa. Cada família tem o seu modelo, pois ela é um universo único. E é neste sentido que as consultorias em Governança Familiar atuam, possibilitando às famílias que se conheçam melhor, identifiquem o seu modelo de governança e o implementem. .
A Governança Familiar estrutura as demandas da família empresária, tanto em relação à empresa, como em relação aos objetivos individuais de cada membro. O processo de Governança Familiar leva à designação dos membros do Conselho de Família - que não se confunde com o Conselho de Administração. Este deve ser composto por pessoas que, sendo acionistas ou não, da família ou não, devem estar focadas nas decisões corporativas que nortearão o trabalho da Diretoria Executiva e do CEO, enquanto que o Conselho de Família é composto por acionistas e futuros acionistas, com o foco nos objetivos que a família tem para o negócio, nas decisões de longo prazo, nos investimentos e no retorno destes. Também fazem parte da Governança Familiar, o Family Office, o Conselho Júnior, a educação das futuras gerações para entenderem o negócio e se tornarem acionistas responsáveis e o que mais a família julgar imperativo.
Também conhecida como a “governança invisível”, a Governança Familiar é pouco citada e conhecida, todavia, na empresa familiar, ela é o pilar de sustentação da Governança Corporativa. Sendo assim, esta é intimamente ligada a Governança Familiar, uma vez que ambas se apresentam como paralelas e complementares no processo de perpetuação e perenidade da Família e da Empresa.
O programa de Governança Corporativa é uma ferramenta importante no processo de profissionalização das empresas familiares. A continuidade deve ser realizada com o planejamento sucessório, além de inclusão de mecanismos de profissionalização e de transparência, de forma a minimizar os conflitos entre parentes.

Adriano José da Silva
Coordenador da IMED Business Scholl

Gostou? Compartilhe