Nos contos de Dilan Camargo, a corrente literária do realismo traz reflexões sobre questões de vulnerabilidade social e perspectivas de vida. O gaúcho, autor de “O Man e o Brother”, foi o primeiro escritor a subir no palco da 30ª edição da Feira do Livro de Passo Fundo, na tarde desta sexta-feira (4). A obra, que é destinada ao público infantojuvenil, traz a história de dois irmãos que vivem na periferia e precisam enfrentar a realidade social enquanto lutam para afirmar suas identidades. Enquanto um mantém os “valores, o outro já está no mundo do crime. É um confronto entre os dois. Um desses contos é “Pela ciclovia”, em que o garoto rouba uma bicicleta e a mãe o obriga a devolver, uma vez que não é sua”.
O escritor ainda flerta com conceitos do mundo pós-moderno enquanto confronta o estilo de vida da geração que vive nas redes em seu livro de poesias “Poeplano”, também divulgado na feira. O primeiro poema tem como título “Poesia.com”. “O contexto da sociedade é muito barulhento e eloquente. Ele demanda tudo para logo. O jovem precisa de poesia, filosofia, meditação, reflexão. Ele não encontra neste mundo da internet, que é envolto por informações desnecessárias. Ele precisa buscar por outros caminhos. É tanta informação, que falta referência. “Precisamos de referência”, afirmou o autor.
Formado em direito, o escritor se envolveu com atividades lúdicas desde os tempos de faculdade. Encontrou, na literatura, a resposta para a pergunta ‘o que eu quero me tornar’. Com os temas abordados e o estilo de escrita, o autor tenta ao máximo se aproximar dos jovens. Ele acredita que a leitura pode ser um agente de transformação social. “Eu acredito na gurizada. Acredito na curiosidade natural dos adolescentes. Acredito nos sentimentos mais verdadeiros de lealdade e justiça”.
Camargo também acredita no poder da literatura como ponto de apoio para erguer o mundo. “A leitura é um ponto de apoio para cada um erguer o próprio mundo. O mundo que precisa ser erguido, não é o nosso mundo exterior. Esse, cresce nas suas direções. O mundo que nós precisamos construir é o nosso mundo interior. Esse está vazio. O pior dos vazios, é o do mundo interior. A leitura preenche esse mundo de significados e sentidos”.
Programação
A feira continua neste fim de semana, no Bourbon Shopping. Neste sábado (5), às 14h, a Monja Coen divulga seus livros “A Sabedoria da Transformação”, “108 Contos e Parábolas Orientais”. No domingo (6), Ana Cardoso divulga “A Mamãe é Rock”, às 15h. A programação completa pode ser conferida no site http://feiradolivropf.com.br/programacao/.
Monja Coen
Nascida em São Paulo, no ano de 1947, a Monja Coen foi jornalista profissional em sua juventude. Atuou como repórter do Jornal da Tarde, vespertino da empresa S.A. O Estado de S.Paulo. Na década de 1970 foi morar em Los Angeles, na California. Em outubro do mesmo ano entrou para o Mosteiro Feminino de Nagoya, Aichi Senmon Nisodo e Toku Betsu Nisodo, local onde residiu por oito anos, tendo se graduado como monja especial (Tokuso), habilitada a ser professora do Darma Budista de monges, monjas, leigos e leigas. Após uma longa trajetória no budismo, em 1996, foi nomeada Presidenta da Federação das Seitas Budistas do Brasil, por um ano. Atualmente a Monja Coen reside no templo Tenzui Zenji, em São Paulo, onde é presidenta do Conselho Religioso da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil e do ViaZen/VilaZen do Rio Grande do Sul. É autora dos livros “Viva Zen”, “Sempre Zen”, “108 Contos e Parábolas Orientais”, “A Sabedoria da Transformação” e o “Monge e o Touro”.
Ana Cardoso
Após o lançamento do livro “O Papai é Pop”, de Marcos Piangers, a jornalista Ana Cardoso traz em “A Mamãe é Rock” os desafios de uma casal moderno para criar os filhos. “A mamãe é rock é um livro sobre mães de verdade, que vivem todo dia na corda bamba. Foi pensando em situações verdadeiras, mas sem perder o senso de humor, que a jornalista Ana Cardoso deu vida a um livro de crônicas que toca do início ao fim o ritmo que só as mulheres com filhos entendem”.
