O tema desta edição do projeto “O que a Filosofia tem a dizer sobre” foi a “Reforma do Ensino Médio”. O evento, realizado pelo curso de Filosofia da Universidade de Passo Fundo (UPF), aconteceu na noite de segunda-feira, 7 de novembro, no auditório do Instituto de Ciências Exatas e Geociências (Iceg), Campus I. O debate contou com a participação dos professores da UPF Angelo Cenci, Patrícia Valério e Telmo Marcon.
A discussão foi em torno da Medida Provisória (MP) 746/2016, que trata da reforma do ensino médio, encaminhada pelo governo federal ao Congresso Nacional no dia 22 de setembro. A MP provoca discussões no país pelas mudanças consideradas, por muitos, precárias e retrógradas.
Entre as alterações, estão a exclusão da obrigatoriedade de Artes e Educação Física no ensino médio, a obrigatoriedade do ensino da Língua Inglesa, educação integral e a contratação de professores sem licenciatura, mas que apresentem "notório saber". “Não estamos questionando a mudança no ensino médio, porque ela é realmente necessária, porque não atende plenamente às necessidades da sociedade e dos próprios alunos. O problema é a forma com que essa Medida Provisória foi imposta, sem discussão, retirando disciplinas importantes da formação dos alunos. Em relação à Língua Inglesa, há vinte anos a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) já dizia que as escolas poderiam optar pela língua estrangeira que melhor atendesse às necessidades da comunidade. Essa Medida Provisória é uma lei restritiva”, comentou a professora Patrícia Valério.
O debate também teve como objetivo fazer uma reflexão a partir das implicações que essa reforma do ensino provoca na formação de professores e de alunos do ensino médio. “Essa reforma é muito precária. Tem efeitos extremamente problemáticos para o campo das licenciaturas, para o campo da formação de professores e profundos para o país a médio prazo. Além disso, essa reforma não pode estar desatrelada da PEC 55, que quer congelar os gastos por vinte anos. Imaginem os efeitos desse congelamento dos investimentos sociais, entre eles o da educação”, observou o professor Angelo Cenci.
A falta de diálogo do governo com a sociedade em relação à reforma do ensino médio é considerada uma das principais falhas nesse processo. “É um tema que tem mobilizado o campo da educação, de setores e movimentos sociais pela forma com que foi imposto e pela qualidade precária da proposta, que não foi discutida e tem contradições internas. É um documento que não se sustenta. Essa proposta faz parte de um conjunto de outras reformas que o governo Temer tem apressado em fazer sem discussão mais ampla com a sociedade, apoiado em um discurso que vai resolver os problemas”, destacou o professor Telmo Marcon.
O evento contou com a presença de acadêmicos e professores de diversos cursos da Universidade, e demais interessados da comunidade em geral.
UPF debate Reforma do Ensino Médio
· 2 min de leitura