A não ser o resultado surpreendente para as pesquisas eleitorais e a mídia americana, a disputa ao cargo de presidente dos Estados Unidos, não teve maiores motivos apaixonantes. As campanhas de Obama levantaram motivos mais pungentes deflagrados por quem apresentou excelente forma de comunicação. Hillary Clinton não alcançou a necessária força de êmulo para mobilização popular. Foi água com açúcar, perante a opinião pública. Trump atingiu o setor mais angustiado na economia americana: os desempregados. Os demitidos expressaram com mais veemência a vontade de mudar (change). O estilo esdrúxulo de Donald, com grosserias às mulheres, muçulmanos, negros e latinos, ficou num segundo plano diante da mentalidade devotada à segurança financeira. A idéia de que o americano é criativo no desemprego conflita com a realidade emocional do trabalhador de nível médio que ostenta a bandeira da empresa nacional. As maiores fábricas de automóveis do mundo, relegadas a cemitério de ferro velho, instigaram o contingente que foi às urnas. Os devaneios de Trump, falando na muralha na fronteira mexicana, soaram como disposição forte a desafios, em tom imperial. Isso agrada a muita gente nos EUA e em todos os países. Hillary veio pregando a ponderação e compreensão, mas não teve força de paixão eleitoral.
No mundo
A eleição de Trump parece deixar bem claro que a potência mundial vai cuidar de seus interesses prioritariamente. E o recado é para todo mundo. Trump evitou qualquer compromisso com agenda ambientalista. Essa linha não intervencionista agradou a China que, junto com a América do Norte, sente a pressão para reduzir chaminés a fim de ajudar a natureza. Trump vai governar a ferro e fogo para que o seu país cresça como potência. E parece dizer também que cada país cuide dos seus, sem esperar favores da superpotência.
Democracia
O bilionário Donald vai assumir a presidência num processo democrático que reproduz o povo americano, com suas paranóias e arrojos financeiros. Bom ou ruim para o Brasil, pouco se nos resta dizer. É o retrato da “change”, como tem sido sempre no dizer milenar “qualescunque sumi viri sunt, talem civitatem habemus” (o governo terá a marca do que é e pensa seu povo).
Raul Boeira
Chegou a minhas mãos uma jóia musical, na voz de Raul Boeira, com a participação de sua esposa professora Márcia Barbosa, do programa de pós-graduação da UPF. Este segundo CD do Raul (que ouvi) é de altíssimo nível. Sou leigo em música, mas encantado com o elevado tom e beleza das músicas com conteúdos e literatura de escol. A impressão é de “tudo perfeito”; mais ainda por encontrar inconfundível preciosidade no texto. É riqueza de voz e arranjo musical com posicionamento sociológico exuberante. Ouvi uma vez, mas sei que será sempre uma delícia. São temas de real significado, a exemplo da faixa “Meu Rio”. É a maior obra poética e musical sobre o Rio Passo Fundo, destinada a transcender os umbrais geográficos pela sua universalidade. Finalmente surge uma obra bela e culturalmente severa, para reflexão, prazer, e conscientização, incitando uma saída para o grande patrimônio natural que rega nossa cidade, nossas vidas. Parabéns Passo Fundo, parabéns Raul Boeira e Márcia Barbosa. Mais do que recomendação cultural e artística a obra é uma conquista: quem ouvir sentirá!
Retoques:
No último dia cinco tivemos mais uma exitosa apresentação do recital do Coral Ricordi D’Itália, no auditório do SESC, com público admirável.
Passo Fundo vive mais um sucesso da Feira do Livro, marca conquistada por crença voluntariosa nos valores de leitura.
O Tio Mena, um cerne da arte instrumental, estará promovendo o XIV Festival Internacional do Bandoneon, dia 12, no centro de eventos do ND. Ingresso gratuito.
Mesa Um do Oasis continua vencendo a crise. Tem jantar hoje da confraria no Comercial – centro. Alberto Tagliari é o anfitrião!