Depois de dois meses, as esteiras de triagem na Central de Resíduos Sólidos continuam interditadas. Não há previsão de quando os termos de adequações, expedidos pelo Ministério do Trabalho (MT), serão cumpridos. A Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas), empresa responsável pela Central, diz que o investimento necessário para atender aos termos é alto e inviável no momento.
A Central de Resíduos Sólidos é local de destino de 140 toneladas diárias de lixo produzido por mais de 190 mil habitantes passo-fundenses. Os serviços de pesagem dos resíduos, triagem e seleção de materiais reaproveitáveis são realizados pelas 23 famílias integrantes da Associação de Recicladores Parque Bela Vista (Recibela). São elas também que separam o que não é reciclável, para que possa, posteriormente, ser encaminhado para o aterro sanitário licenciado de Minas do Leão. Aproveitando o que estaria próximo de ser perdido entre os resíduos orgânicos, os recicladores procuram matéria-prima entre o lixo não separado, que chega em caminhões, e o material selecionado é vendido para que seja reciclado. A venda serve como renda para essas famílias, por meio do Projeto TransformAção em parceria com a Prefeitura Municipal.
No entanto, os recicladores encaram, desde setembro deste ano, um obstáculo na hora de realizar as atividades: a interdição dos equipamentos elétricos no pavilhão de reciclagem – especialmente das esteiras de triagem, essenciais para o trabalho de seleção do material. Sem a possibilidade de usá-las, os trabalhadores precisam fazer a separação direto das pilhas de lixo, sofrendo risco maior de contaminação, devido à exposição direta com os diversos resíduos, e sujeitados às adversidades do tempo. A presidente do Recibela, Catarina da Rosa, queixa-se a respeito da falta de previsão para as melhorias que precisam ser realizadas. “Não temos escolha, a gente não sabe quando isso vai ser resolvido, precisamos fazer tudo direto do monte. E aí a gente sofre com chuva, com sol muito quente... Mas se ficamos sem trabalhar, ficamos sem salário”.
O Ministério do Trabalho alega que as condições de trabalho são arriscadas e que melhorias precisam ser realizadas imediatamente. Exige-se a realização de 19 termos de adequação, que se referem a problemas na rede elétrica, compra de novas prensas, escadas, equipamentos de proteção, entre outros. Um investimento de cerca de R$ 200 mil, que, segundo o presidente da Codepas, Tadeu Karczeski, é inviável. “Fomos pegos de surpresa com essas exigências. Estamos em um período de complicações financeiras e não temos condições de fazer um investimento tão alto”, declara. Tadeu conta que já foram realizadas diversas reuniões entre a Codepas, a Procuradoria Geral do Município (PGM) e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) para levantamento de custos e uma proposta alternativa foi formulada. Esta proposta atenderia às adequações mais essenciais e exigiria um investimento de R$ 25 mil. Ainda de acordo com o presidente, a proposta já foi aprovada pela SMAM, a licitação foi encaminhada e um engenheiro foi contratado para comandar as reformas. “Há alguns termos que exigem melhorias relacionadas ao meio ambiente, devido à área onde fica a Central, mas se não conseguirmos a liberação com o Ministério do Trabalho, creio que a única solução será mudar para outro local”. Uma reunião está marcada para a tarde desta quinta-feira (17) entre a Codepas, a PGM e a SMAM, para discutir a proposta alternativa previamente elaborada, que deve ser encaminhada ao MT.