OPINIÃO

O custo da (IN) disciplina fiscal

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Após o milagre econômico que abusou do fechamento da economia, intervindo diretamente no setor produtivo na proteção dos produtores brasileiros, o Brasil a partir dos anos 90 começa uma agenda de reformas, primeiro no Governo Collor, seguindo com mais intensidade com o Governo FHC.
Com o Plano Real, a inflação caiu rapidamente, de cerca de 900% em 1994 para menos de 15% em 1995. Aumentando o poder de compra da massa assalariada. Seguindo o Plano Real, outros avanços foram introduzidos, como as privatizações, regulação do sistema financeiro e corporativo, abertura da economia e o tripé macro que vigora até hoje.
Ainda no primeiro governo Lula, aprofundou-se as reformas no campo financeiro, no combate a pobreza, além de um incremento significativo no superávit primário que reforçou a disciplina fiscal e monetária, possibilitando o crescimento do crédito e aproveitando a fase do boom global, entre 2003 e 2008, entenda-se valorização das commodities.
Com a crise de 2008 do subprime americano, a agenda de reformas foi interrompida, passou-se ao conceito de políticas anticíclicas, ampliação de crédito consignado, redução de IPI sobre bens duráveis, ampliação dos prazos de financiamento.
Contribuiu muito para as incertezas quanto as expectativas do futuro do Brasil, os desafios políticos que o Brasil enfrentou no Governo da presidente Dilma Roussef, principalmente no seu segundo mandato, as agências de riscos internacionais capitaneadas pela Standard and Poor’s afirmavam em 2015 que teríamos um desequilíbrio fiscal “esse desafio “poderia significar 3 anos seguidos de déficit primário e aumento contínuo da dívida se os rendimentos subsequentes ou medidas de cortes de gastos não forem tomados”.
Estamos no final de 2016 e parece que essa previsão ao longo de 2016 se consolidou e assim será em 2017. Os impactos da indisciplina fiscal foi a perda do grau do investimento, e isso gerou um “efeito cascata” para a economia como aponta Alex Agostini. “O efeito cascata seria a menor geração de emprego, alguns desarranjos na política econômica. O mercado entende já que vão entrar menos dólares no Brasil e o preço sobe, que é o que está acontecendo agora. Então, os produtos importados ficam mais caros. Vai ficar mais caro para quem se utiliza de produtos de saúde, por exemplo, que é um setor que importa muito. O mesmo ocorre com máquinas e fertilizantes para o setor agrícola”, diz Agostini, explicando que a situação agravaria a inflação.
O economista também aponta que menos investimentos podem afetar o poder aquisitivo das pessoas. “Isso torna a vida do cidadão comum mais difícil para conseguir emprego ou amenta o risco de perder o emprego”, diz.
Agostini aponta que a perda do grau de investimento não impede que o país seja alvo de investimentos de empresas interessadas em abrir unidades no Brasil. Porém, a perspectiva de retorno para essas empresas é menor e, por isso, o volume de capital investido tende a diminuir. “A empresa que antes tinha uma perspectiva de retorno de 10% a 15% passa a ter expectativa menor. Isso porque, se ela investir aqui, dado que esse país vai receber menos recursos, o potencial de consumo do país diminui. Então, os produtos que a empresa iria ofertar no mercado não vão mais ter aquele preço, a quantidade não pode ser a mesma. Isso impacta no retorno esperado pela empresa e ela pode reduzir o volume incialmente previsto”, diz o especialista.
Mesmo com um cenário adverso de longo prazo é possível encontrar boas oportunidades de negócios. Para tanto o momento exige dos empresários, ousadia, capacidade de liderança em momentos de turbulência, equipes coesas, alinhadas e comprometidas com a estratégia das empresas.

Adriano José da Silva
Professor Coordenador Escola de Administração IMED

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