OPINIÃO

Livros

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Li em algum lugar sobre um autor (filósofo, talvez) que trabalhava duramente mas, ao chegar em casa, tomava um delicioso banho morno, alimentava-se e detinha-se aos seus grandes amigos, os escritores das centenas de livros que mantinha em sua biblioteca particular. Ali, nas páginas, fazia imersão em outros mundos e outras ideias, reabastecia-se e partia aos grandes mundos, de personagens que superavam seus cotidianos. Esse fim-de-semana minha mulher - ou melhor, a mulher que aceitou casar comigo – e eu vamos ao Vale dos Vinhedos na pré-vindima para uma espécie de mini lua-de-mel e, é claro, levarei alguns autores a reboque. Acabei de ler Lusardo, o Último Caudilho (Glauco Carneiro) e fiquei feliz em estar envolvido com Assis Brasil - Honório Lemes - João Batista Lusardo - Arthur Caetano de um lado e Borges de Medeiros - Flores da Cunha - Osvaldo Aranha - Alceu Wamosi, de outro. É sobre um tempo de lutas e carnificinas em nome da liberdade, sem mocinhos e bandidos, entre mercenários e visionários. Para entender o Rio Grande é preciso entendê-los e saber porque se grita “ah, eu sou gaúcho” . Lusardo, o Centauro dos Pampas, foi o último caudilho e, além, foi médico e advogado. Como aluno de medicina estudou com Sarmento Barata em Porto Alegre e Miguel Couto e Afrânio Peixoto no Rio. Lá fez parte nas brigadas contra a peste bubônica em 1919. Foi seguidor das ideias de Assis Brasil – “sonho em viver num país onde os homens sejam governados pelas leis e não num país onde os homens governem as leis”. Adversários, inimigos de sangue mas, que a partir do tratado de paz de Pedras Altas resolveram se unir em nome de uma personalidade que representava o anseio momentâneo do povo gaúcho – Getúlio Dornelles Vargas.
Vai comigo Barbosa Lessa (Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo), Rossano Cavalari (Os Olhos do General, sobre o cruzaltense Firmino de Paula), Ricardo Lopez (Coração de Caudilho, história de Gumersindo Saraiva) e Heleno Alberto-Marco Antônio Damian (Páginas da Belle Èpoque Passofundense). De quebra, levo Ruy Castro (Chega de Saudade) e Nelson Motta (As 101 Canções que Tocaram o Brasil).
Aliás, Marco Damian está acabando um livro sobre aquele jogo “amistoso” de 1972 entre a Seleção Nacional (Caju, Rivelino, Jairzinho e Leivinha) contra o combinado Grêmio (Ancheta, Torino, Oberti, Espinosa, Everaldo) e Inter (Schneider, Figueroa, Tovar, Carbone, Valdomiro, Claudiomiro), único jogo de futebol no Brasil envolvendo a seleção campeã do mundo em 1970 em que não havia uma única bandeira do Brasil no estádio Beira-Rio. Vejam vocês que a revolução entre os gaúchos-castelhanos contra o restante do país se daria, agora, nos limites do campo do futebol. Duas particularidades: antes Getúlio uniria desafetos, agora Everaldo Marques da Silva faria isso. Antes lutávamos em nome de um libelo contra o governo central, agora era simplesmente pela não convocação de um atleta tricampeão do mundo que representava nossa alma castelhana. Aguardemos o lançamento de Marco Damian.

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