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Verão, que inicia na manhã desta quarta-feira, traz consigo a possibilidade de configuração de um novo evento La Niña no Rio Grande do Sul

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A primavera se despede com temperaturas atípicas
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Embora a primavera esteja se despedindo, as características atípicas, registradas entre setembro e dezembro deste ano, não devem ir embora com a estação. Segundo os prognósticos para a região Sul do país, as manhãs continuarão sendo mais frias no verão, que tem início às 8h44min da quarta-feira (21), e a ocorrência do fenômeno La Niña parece cada vez mais próxima de se confirmar.
Entre as principais características dos últimos meses, está a chamada amplitude térmica diária. O agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, explica que a amplitude térmica mede a diferença entre as temperaturas extremas, ou seja, entre a mínima e a máxima do dia. Essa amplitude observada no estado estaria relacionada às características da massa de ar dominante. No caso do Rio Grande do Sul, a atual massa de ar mais presente é a de ar seco, com menor quantidade de umidade, que permite que à noite haja um maior resfriamento, pela perda de radiação de ondas longas da superfície terrestre. Consequentemente, durante as madrugadas as temperaturas mínimas acabam sendo mais baixas. Ao longo do dia, no entanto, a massa de ar se aquece naturalmente e gera a diferença entre as temperaturas extremas.
Como exemplo disso, está o mês de setembro, que teve 16 dias com temperaturas abaixo dos 10°C. Em um destes dias, a mínima chegou a 2,9°C. Temperaturas baixas foram registradas, também, em novembro e início de dezembro. O observador meteorológico da Embrapa Trigo, Ivegndonei Sampaio, explica que, embora o frio não seja comum para a época, há registros semelhantes em anos anteriores. Em 2010, a temperatura mais baixa registrada em dezembro foi de 6,5°C, contra 8,1°C em 2011. “Tivemos o inverno mais frio dos últimos 16 anos e quando você tem esse frio intenso é comum que os dias frios se estendam até a primavera”.
Cunha complementa, dizendo que os dias mais frios são apenas uma consequência, dentro do ritmo natural do clima da região. “Particularmente, depois da passagem de frentes frias e chuvas, é comum a entrada de massas de ar de origem polar, que são massas de ar frio. Então, durante alguns dias se tem a sensação de temperaturas mais baixas, mas mínimas entre cinco e seis graus não podem ser consideradas fora do padrão do clima da região para a época do ano.”
Precipitação abaixo da média
A primavera ficou marcada, também, pelo baixo volume de chuva. Em setembro, que tem média de 200 milímetros, o volume de chuva não passou de 70mm. Novembro também apresentou volume muito abaixo da média. Dos 132mm esperados, apenas 79mm se confirmaram. Outubro foi o único mês acima da média: os 370mm de chuva registrados equivalem ao terceiro maior volume de chuva dos últimos 36 anos.
Segundo Sampaio, em dezembro a chuva deve continuar um pouco abaixo da média de 173mm. Os prognósticos indicam chuva dentro da média em janeiro (150mm) e abaixo da média em fevereiro (166mm). “São meses de boas médias de chuva, então mesmo se configurando chuva um pouco abaixo da média, sendo bem distribuídas, não será um problema”, garante.


La Niña
O La Niña é um fenômeno que consiste na diminuição anormal da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Equatorial e seus efeitos, no Sul do Brasil, são de secas severas e aumento das temperaturas. Embora ainda não haja a configuração plena de um novo evento La Niña no estado, as anomalias negativas indicam a possibilidade de evolução para um evento de fraca intensidade durante o verão. Gilberto Cunha esclarece que temperaturas mais baixas no final da primavera, massas de ar seco e menor quantidade de chuva, como vem sendo observado na região, são mais frequentes nos chamados “anos de La Niña”. “De fato, estamos sofrendo a atuação de um possível evento La Niña, que se diferencia em relação aos outros, por ser considerado um evento, neste ano, de intensidade fraca e com a projeção de curta duração. Diferentemente de outros eventos La Niña, que podem durar de seis meses a um ano e meio de atuação, projeta-se que este evento encerraria seu ciclo até o final do verão. Essas características trazem muitas incertezas em relação ao prognóstico do clima para o verão”, observa.

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