Imagino que você, assim como eu, mesmo que costume frequentar bibliotecas com certa assiduidade, dificilmente tenha atentado para o detalhe de que se há um lugar no mundo que Deus vem em segundo lugar esse fica numa biblioteca. Explico, pois não é exigido que os bibliotecários sejam necessariamente ateus ou agnósticos, mas, pela classificação decimal de assuntos desenvolvida por Melvil Dewey, que predomina no nosso meio, a Filosofia recebeu o número 1 e a Religião o número 2. Numa biblioteca o sagrado, o número 1, é o conhecimento e não divindades; embora o primeiro livro impresso no mundo, por Gutenberg, em 1455, tenha sido uma Bíblia. E vou continuar supondo que você, ainda que já tenha tido o privilegio de, um dia na vida pelo menos, ter entrado em uma biblioteca, quer seja ela tão grandiosa quanto a do Congresso dos Estados Unidos da América, ou minúscula como a da escola do seu bairro, ou da universidade onde estudou, ou da Biblioteca Pública da cidade onde vive, ou a biblioteca pessoal de alguém conhecido, tampouco, acredito, tenha parado para refletir sobre as suas diferenças, embora essa não lhe tenham passado despercebidas.
As ditas bibliotecas nacionais, como é exemplo a Biblioteca Nacional do Brasil, simplificadamente chamada de Biblioteca Nacional (cujo nome oficial é Fundação Biblioteca Nacional), que tem sede no Rio de Janeiro, poeticamente, lidam com a memória do mundo. Nossa biblioteca nacional, fundada em 29 de outubro de 1810, sob os auspícios de D. João VI, contabiliza um acervo ao redor de 10 milhões de itens. É o lugar onde é guardada a memória do pensamento humano, nesse caso, preservando, necessariamente, o nosso pensamento documentado e assim zelando pelo acervo cultural e bibliográfico do País. A ideia de biblioteca nacional vem da Biblioteca de Alexandria, cuja criação há quem credite a Alexandre Magno, inspirado pela Odisseia de Homero. Essa biblioteca era para o uso exclusivo dos filósofos e pesquisadores. Alexandre, O Grande, que tivera como tutor Aristóteles, conhecia a obra de Homero em profundidade.
As bibliotecas públicas, e tomemos como exemplo a nossa Biblioteca Pública Municipal Arno Viuniski, são aquelas destinadas ao uso da população de modo geral. Um tipo de instituição cujo melhor indicador de prestação de serviços é dado pelo desgaste do acervo pelo manuseio. Que os livros sejam desgastados de tanto serem lidos! A função de uma biblioteca pública é ajudar na formação e leitores e estimular a leitura, além de apoiar as atividades escolares.
Já uma biblioteca universitária, a exemplo da Biblioteca Central da UPF, que atende todos os cursos da instituição, ou da Biblioteca da Embrapa Trigo, com acervo especializado em cereais e agricultura, tem que se manter atualizada; ainda que preservar as obras antigas como referências históricas seja também sua obrigação. Um livro de Agronomia dos anos 1950, por exemplo, certamente não contempla o conhecimento necessário para a formação dos profissionais dos tempos atuais.
O qualificativo de “pública” para uma biblioteca, muitas vezes é usado para diferenciar o agente mantenedor (fundos estatais ou privados). Mesmo assim, toda biblioteca deveria ser sempre orientada para um público, ainda que seja forçoso reconhecer que há diferentes tipos de públicos. Desde o público interessado apenas no best-seller do momento, o público escolar que vem para cumprir um trabalho encomendado pela professora até um público especializado, elaborando trabalhos acadêmicos, dissertações, teses etc., à procura de fontes primárias ou derivadas de informação.
Exemplo de biblioteca privada, mas que também permitia consultas ao acervo de obras raras, foi a organizada pelo bibliófilo José Mindlin, que ao longo da vida acumulou um acervo de aproximadamente 38 mil obras. Essa biblioteca viraria parcialmente pública com a doação da coleção brasiliana, com 32,2 mil títulos e 60 mil volumes, em 2005, para a USP, recebendo o nome de Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
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