OPINIÃO

Sobriedade com a morte

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As expressões usadas pelo presidente Temer, minimizando o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, reflete o desdém reprimido pela gravíssima situação. Temer, versado na terminologia jurídica e social, exagerou na sua fleuma sociológica. Não se trata de mero acidente. A sobriedade oficial precisa ser avaliada melhor. O discípulo do super ministro Padilha, secretário nacional da juventude, Bruno Júlio – alongou essa compreensão ridícula sobre a chacina no presídio. Ao dizer que a morte era bem-vinda por ser autodestruição de criminosos, revelou despreparo chocante.

Corrupção no cerne
A vida dos presos sob a custódia do estado não pode ser sobreposta pelos interesses de lucro das terceirizadas contratadas para administrar presídios. Ao contrário seria forjar uma pena de morte aleatória e instalar um funeral de condenados, o que é defeso na Constituição. A investigação e afastamento do chefe do presídio José Carvalho da Silva sinaliza existência de sistema carcerário altamente corrompido. É de se imaginar que as licitações onerosas demais escondem vantagens de figuras ainda protegidas nas avaliações de governo. A provável corrupção vai muito além das propinas para detentos usarem celulares, facões, drogas e tantas permissividades comprovadas. É o crime de corrupção no cerne e na casca do sistema, por onda sangram fortunas que resolveriam muitas calamidades, se fossem honestamente administradas.

Pastoral carcerária
Sabemos que as pessoas sentem e expressam uma raiva justa pelos criminosos e são inclinadas a acreditar na morte em uma rivalidade na guerra PCC versus FDN, como final justificável, igual fim de novela. É loucura deixar o crime ao autocontrole. Nesse aspecto é valioso o trabalho, quase anônimo, na pastoral carcerária. É a busca persistente de recursos íntimos de cada indivíduo, rumo à recuperação. A influência religiosa e psicológica na tentativa restauradora do ser humano condenado é o esforço mais concreto nesta missão.

Provisório
Em meio a tudo isso a estratégia judiciária mostra um risco maior ao preso provisório. E cada caso é um caso. De cada dez enclausurados quatro são presos provisórios que, portanto, não foram julgados. São 300 mil prisões provisórias no Brasil. Estes são tratados como criminosos, antes de condenados ou inocentados. Assim, muitos inocentes ficam sujeitos às conseqüências de uma rebelião catastróficas. Presídio é concentração de angústias por si só. Mas é paranóia muito grave, conceber que eventual morte de inocente não importa.

Rio Passo Fundo
O Nacional publicou matéria importante sobre o rio Passo Fundo que serpenteia a cidade. A UPF teve seu projeto aprovado pela Caixa que objetiva expansão de estudos sobre a vida almejada ao nosso rio. Com este recurso serão envolvidos o Comitê do Rio Passo Fundo, CORSAN, Meio Ambiente do município, grupo ecológico Sentinela dos Pampas e outros movimentos, todos importantes. Falando com o promotor Paulo Cirne, uma das pessoas atentas ao meio ambiente, ouvi opinião alentadora sobre nossas águas. Medidas de fato, como tratamento de esgoto em residências podem ser adotadas com investimentos já iniciados. A etapa das ligações de esgoto é essencial e urgente. A volta das condições respeitáveis de nosso rio trará vida, saúde, beleza natural, e até o cheiro melhor para suas imediações.

Sérgio Langaro
Durante meio século conheci a aprendi a admirar o médico, sábio, e extraordinário ser humano de nossa terra. E somos agradecidos pela vivência deste cidadão de bem, falecido aos 88 anos. Condolências aos familiares e amigos.

Retoques:
Meryl Streep, agraciada no Globo de Ouro, decidiu não se omitir a lembrar ao futuro presidente dos USA que as pessoas de Holly Wood, estrangeiros ou não, estarão atentos ao limite do que possa ser um presidente lunático.
?Divulgação sobre trabalho escravo no Brasil suspendeu nomes de empresas sujas. A alegação de opositores é que essa verdade dificulta o comércio com o exterior. E o respeito?

 

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