A triste herança que remonta das eras de escravidão prolongada no Brasil, perpetuou ódios sumários. Mesmo partindo de pessoas tidas como sensatas, ligadas a religiões, vemos pesadas expressões de rancor de internautas que se escondem nas redes sociais. Essa pregação prepotente em forma quase anônima encoraja pretensos justiceiros ou moralistas implacáveis. A ocorrência odiosa discrimina e incentiva à violência misturada à imbecilidade e admite como solução drástica para crises agudas, como as chacinas nos presídios. Sabem que não é assim que isso se equaciona. Massacre não é solução para o crime. O uso frouxo de expressões, como “bandido bom é bandido morto”, carrega senso comum contrário aos princípios da sociedade brasileira que prevê punição aos criminosos, mas não inclui a pena de morte. As mortes nos presídios são vistas freqüentemente como “o massacre do bem”, em tácita concordância com causas gravíssimas da desordem social, inclusive corrupção no sistema penitenciário. Um vulto da política, que defende tortura e faz apologia ao machismo estuprador é incensado como possível candidato à presidência da República. E pessoas se dão ao desplante de usar o nome de Jesus para violência contra membros do LGBT. As garras do ódio insano usam luvas de veludo e condenam sem clemência pessoas que já vivem injustiças sociais na linha de desprezo. Além da punição pelos crimes, as pessoas precisam ser vistas como seres humanos, ainda que a justa revolta com os erros dos outros provoquem nossa ira. Além disso, fulminando pessoas acusadas com expressões absurdas não acrescentamos provas para condenação judicial. Apenas despejamos uma sensação de alívio na vala do desdém, ódio que não ajuda e semeia revides.
Entrevista
Conteúdo valioso e imprescindível à consciência social na entrevista com o magistrado Luiz Cristiano Enger Aires e o professor de direito Marco Aurélio Nunes da Silva. Foi no sábado, na Rádio Uirapuru, em debate que teve a mediação da jornalista Zulmara Colussi. Falaram sobre a crise no sistema prisional que assola o Brasil. Ao enfrentarem o tema os entrevistados expuseram com ciência, coragem e respeito, aspectos que merecem comprometimento de todos, além das pessoas e lideranças institucionais.
Delatores 77
O Supremo Tribunal, especialmente sob a coordenação do ministro Teori Zavascki, vai se pronunciar a respeito da mais recente leva de delatores da Lava Jato. As audiências dos delatores selecionados serão feitas por juiz assessor do ministro, na presença de advogado defensor, sem a presença do Ministério Público. Os 77 executivos da Odebrecht apontaram 900 fatos. Grande número de políticos citados, entre os quais, o presidente Temer, ex-presidentes Dilma e Lula, Alckmin, José Serra, deputados e senadores. Até o final de fevereiro o ministro dirá se homologa a delação. Tempestade na República.
Retoques:
Com política no meio, o novo abandono do Maracanã virou caso de polícia. Roubaram de tudo, inclusive estátuas e placas.
Há euforia com a rentabilidade agrícola, especialmente na safra de soja. A queda do dólar, condições das estradas e aumento no diesel já estão incomodando.
O calorão no país todo levanta fumaça dos lixões de nossas cidades. E 60% dos municípios não têm lixão e raros dos que instalaram apresentam condições ambientais. É uma cena deprimente vermos pessoas misturadas a animais domésticos e abutres tentando sobreviver à contaminação desses depósitos, como em Brasília!
Muito estranha as manifestações de líderes mundiais. Trump dos USA defendido por Putin. A china quer a globalização e se rebela contra barreiras do império americano. E o muro na divisa com o México? Não é piada!
Lideranças do país devem ficar atentas com a onda de privatizações. Estão colocando tudo à venda. Um dos pontos mais graves é na logística dos espaços aéreos, onde carecemos de empresas nacionais habilitadas.