Em alerta epidemiológico sobre a febre amarela, expedido neste mês pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS/RS), foram esclarecidas medidas preventivas para os municípios gaúchos localizados em áreas consideradas de risco para o contágio da doença. As orientações se referem ao controle da presença do vírus e a atualização vacinal da população sem vacina ou com esquema incompleto, além da imunização de pessoas que pretendem viajar para áreas rurais.
Por ter vegetação abundante, a área interiorana de Passo Fundo é propícia para a proliferação de hospedeiros do vírus, o que coloca o município entre as áreas de risco. Até então, na região de Minas Gerais foram confirmadas oito mortes por febre amarela e outros 53 casos de morte são suspeitos de terem sido causados pelo vírus. Nenhum caso suspeito foi registrado no Rio Grande do Sul, apesar do alerta de risco.
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por insetos. Se não for tratada rapidamente, pode levar a óbito em cerca de uma semana. No Brasil, desde 1942 são registrados somente casos silvestres da doença – quando o vírus é transmitido pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que têm os macacos como principais hospedeiros. Nestes casos, a contaminação ocorre quando pessoas não vacinadas circulam em área silvestre e são picadas pelo mosquito. Há, ainda, a febre amarela urbana – quando o vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti ao homem.
É importante salientar que a doença não pode ser transmitida de pessoa a pessoa, somente por picada de mosquitos infectados com o vírus. É comum também que a população confunda macacos bugios como vetores da doença, mas, ao contrário do que se pensa, eles são apenas sentinelas da febre amarela. Mesmo infectados com o vírus, os macacos não têm a condição de transmitir aos humanos. Apenas os mosquitos têm. Portanto, os macacos são um sinalizador para alerta da doença, e não transmissores.
Imunização
A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica de Passo Fundo, Caroline Gosch, explica que o principal cuidado neste momento é a vacinação. “Nós estamos orientando que a população, especialmente do interior, procure a vacina na Central de Vacinas, mas sem pressa, com muita tranquilidade”. Ela pede ainda que as pessoas levem a carteira de vacinação, para que seja possível fazer a comparação do calendário vacinal e conferir se o indivíduo realmente ainda não recebeu a dose.
Crianças devem receber a primeira dose aos nove meses de idade e o reforço aos quatro anos. Pessoas acima de cinco anos, que nunca foram vacinadas, devem receber a segunda dose da vacina apenas dez anos após a aplicação da primeira. A vacinação em gestantes é contraindicada e em idosos deve ser realizada somente após avaliação médica. Em demais casos, para residentes de áreas em situação de emergência epidemiológica, a aplicação da vacina deve ser analisada individualmente.
Sintomas
Estão entre os sintomas iniciais da febre amarela: início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Cerca de 15% das pessoas com esses sintomas apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Entre 20 e 50% das pessoas que desenvolvem doença grave podem morrer.