Obesidade, bulimia e anorexia são alguns dos distúrbios alimentares mais frequentes entre a população mundial. Nos últimos anos a obesidade, por exemplo, vem sendo considerada um problema de saúde pública em alguns países. Buscar atendimento médico e psicológico nestes casos é fundamental. Em Passo Fundo essa ajuda é oferecida de forma gratuita no Ambulatório Qualidade de Vida, que fica na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Nonoai. Prestes a completar três anos de funcionamento, o Ambulatório já atendeu mais de mil pessoas com distúrbios alimentares. Dessas, 105 estão na fila de espera para cirurgia bariátrica.
Qualquer morador da cidade pode procurar este serviço que é oferecido pela Prefeitura de Passo Fundo na rua dos Andradas, 346. De acordo com enfermeira responsável, Janaína Souto, não é preciso encaminhamento médico para ter acesso aos serviços prestados no Ambulatório, basta procurar o local portando carteira de identidade, CPF, cartão do SUS e um comprovante de residência atualizado. “O Ambulatório Qualidade de Vida atende pessoas que moram em qualquer área da cidade. Quem tiver interesse, pode vir espontaneamente, ou através de encaminhamento de alguma unidade de saúde”, explica.
O atendimento é prestado por médicos, psicólogos e nutricionistas. Ao procurar atendimento é feita uma avaliação e marcada a primeira consulta. A grande procura pelo serviço tem mantido a agenda cheia. Entretanto, depois da consulta, se houver necessidade de exames adicionais, tudo é encaminhado diretamente pela unidade, através do teleagendamento. “O paciente sai daqui com tudo encaminhado”, salienta a enfermeira.
Rotina de atendimento
Conforme a médica responsável pelo Ambulatório, Débora Falk Lopez Boscatto, no dia 25 deste mês será aberta a agenda de consultas. Este é o primeiro passo para o atendimento. Depois disso é feito o diagnóstico – se já não veio com encaminhamento de outro profissional – e então direcionados para outros atendimentos, que são o psicológico e o nutricional. São solicitados também exames complementares para comprovar ou descartar doenças crônicas associadas à obesidade.
“A obesidade é muito frequente entre a população. A demanda que temos no Ambulatório é grande”, destaca a médica. Atualmente são 105 pacientes na fila de espera pela cirurgia bariátrica que é oferecida pelo estado. Desses, cinco já foram chamados para realizar o protocolo pré-cirurgia. Todos eles participam de reuniões de orientação médica continuada. “A obesidade é uma doença e essa é a primeira coisa que as pessoas precisam ter na cabeça quando pensam no problema. Junto com ela, estão várias complicações, como a hipertensão, o diabetes, a osteoartrose, a incontinência urinária, a asma, só para dar alguns exemplos”, ressalta Débora.
Trabalho continuado
Para Débora, o trabalho realizado pelo Ambulatório é bastante positivo. “A gente percebe que as pessoas não se afastam. Mesmo aquelas que conseguiram emagrecer seguem com o tratamento e continuam buscando orientações para se manterem saudáveis”, enfatiza. Porém, um dos aspectos mais importantes é que o trabalho é feito de forma ampla e abrange também a família dos pacientes. “Sabemos que a obesidade é genética. Então procuramos os familiares, principalmente os filhos, para avaliar a condição deles e iniciar tratamento, quando necessário”, conta.
O maior número de pacientes são mulheres adultas, por volta dos 40 anos de idade. E esse é também o público mais atingido por cânceres de endométrio e mama, por exemplo. “A obesidade é a principal causa desses cânceres, por isso encaminho para que façam os exames e sempre que há alteração, são encaminhadas para especialistas”, comenta.
Atendimento
O Ambulatório Qualidade de Vida atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O acesso pode ser feito através de encaminhamento de médicos de outras unidades de saúde, quando os pacientes já chegam com a patologia definida, ou diretamente no local, sem encaminhamento prévio. Apesar de atender outros tipos de distúrbios alimentares, o maior número de atendimentos é por problemas de obesidade.
“O quadro que mais gera atendimentos é a obesidade. Temos pacientes que chegam com mais de 200 kg. Além da obesidade em si, são pessoas que chegam aqui também sofrendo com os agravos da doença”, comenta a enfermeira. Por isso, em grande parte dos casos é feito acompanhamento psicológico, também disponível no Ambulatório. Dentre as indicações, tantos nos casos graves de obesidade quanto nos demais, está a reeducação alimentar, processo que é acompanhado de perto mesmo quando o paciente recebe alta.
Distúrbios alimentares têm atendimento gratuito
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