Carazinho fica a aproximadamente 40 quilômetros de Passo Fundo. Esta é a distância que os Bombeiros de Passo Fundo precisam fazer para se deslocar, caso haja uma ocorrência, ao município vizinho, nos dias em que o quartel está fechado. Com o déficit de 60% no efetivo e a carência de horas extras, o fechamento intercalado de seis, das 11 unidades do 7° Comando do Corpo de Bombeiros, foi inevitável. O atendimento, em consequência, não é tão rápido quanto se fosse dentro do próprio município, de acordo com o tenente-coronel Alexandre Teixeira. “Esta é uma situação complexa e constrangedora. Nenhum bombeiro gostaria de estar fechando quartel. Esse fechamento, de alguma forma, acaba trazendo prejuízo à sociedade”, avalia Teixeira.
Além de Carazinho, as unidades de Palmeira das Missões, Frederico Westphalen, Lagoa Vermelha, Guaporé e Soledade estão fechando as portas de maneira. O fechamento intercalado das unidades é organizado de modo que nenhum município fique sem cobertura de atendimento e se preocupa com datas comemorativas. “O que estamos fazendo durante os fechamentos é que uma cidade o mais próxima possível fique aberta, enquanto a outra está fechada, então ela cobre aquela a área daquele município que está fechado. Nós demos prioridade ao período de Carnaval para que na data todas unidades estejam abertas, já que é um período de muitas festas e muita bebida, no qual muitas pessoas se acidentam. Nós centralizamos e tínhamos um cálculo de aproximadamente quantos dias nós teríamos que fechar por unidade, por tanto está se dando ênfase para fechamento antes do Carnaval. Para que durante as festas estejam abertas [todas unidades]”, acrescenta.
O 7° Comando ainda têm unidades em Erechim, Nonoai e Getúlio Vargas. São mais de 120 municípios atendidos por 170 bombeiros. Este número, representa apenas 40% do efetivo necessário, conforme o tenente-coronel. “O principal problema é de efetivo, já que as horas extras vêm para complementar e não para solucionar. E hoje a gente está quase que usando como uma solução”, aponta Teixeira.
Um fator que agrava o problema do efetivo é o tempo de trabalho e a aposentadoria. “Nossa tropa, em muitos casos, são bombeiros que já têm muito tempo de operacionalidade e já estão muito desgastados à atividade, então tu precisa oxigenar o efetivo”, explica. Para tentar desagravar a situação, uma nova turma com mais de 250 bombeiros deverá se formar na metade do ano. Distribuídos em todos o Estado, a região de Passo Fundo ficará com 25 servidores. “Só que não supre nem de perto a necessidade. Esses 25 suprem a necessidade de talvez duas cidades, três no máximo”.
Trabalho de prevenção
O tenente coronel destaca o trabalho de prevenção desenvolvido em Passo Fundo, que atualmente é uma das melhores em termos de prazo. “Hoje trabalhamos com uma margem de 55 dias, desde que o encaminhamento dos documentos para analise do plano de prevenção. Alguns municípios demoram 24h, mas são municípios pequenos. É uma média excelente se for pensar temos serviços, tanto público quanto privado, que demoram muito mais do que isso. A prevenção nos ajuda bastante”, pontua.
Unidade permanentemente fechada
Apesar de Passo Fundo não participar do rodízio de fechamento das portas, funcionam duas guarnições no município. A central e a do aeroporto. A unidade do bairro Petrópolis -localizada na Avenida Brasil Leste - está permanentemente fechada também por falta de efetivo, de acordo com Teixeira.