Mesmo em situações bem diferentes, as donas de casa Brenda Oliveira e Silvana Jacini têm algo em comum: as duas saíram da Central de Matrículas, no final da tarde de ontem (9), sem resolver suas pendências. Isso por que, com a alta procura pelo remanejamento de vagas nas escolas estaduais de Passo Fundo, as três servidoras da Central precisaram restringir o número de atendimentos: apenas 80 pessoas serão atendidas por dia.
“Se formos atender todo mundo que chega aqui, não saímos nunca. É muita gente. Por isso recomendamos que as pessoas cheguem por volta das 5h ou 6h para garantir sua ficha”, explicou a coordenadora do setor, Rosângela Menegotto. A alteração na ordem do atendimento, no entanto, foi feita apenas na última terça-feira (7). Desde o retorno do feriado de Carnaval, na Quarta-feira de Cinzas, a equipe já atendeu mais de 500 pessoas interessadas em, ou trocar de escola para qual foram primeiramente designadas, ou realizar suas matrículas. “Percebemos que tínhamos que trabalhar com outra logística, caso contrário não íamos dar conta. Dividimos o espaço com a Agência Sine, que também já tem uma grande demanda, então tivemos que restringir os atendimentos”, explica a coordenadora, que também salienta que idosos, grávidas ou pessoas com crianças no colo e pessoas com deficiência seguem com atendimento prioritário.
De acordo com Rosângela, existem várias questões que podem ter interferido na densa procura pela Central em 2017. A primeira hipótese diz respeito à perda do período de matrículas, aberto em novembro, por parte dos responsáveis dos alunos. “Como não houve registro no site, demos uma chance para alunos do primeiro ano dos ensinos fundamental e médio, e fizemos uma lista onde constavam pelo menos 615 alunos que não tinham feito nenhum tipo de inscrição. Desta forma, tanto nós quanto o sistema começamos a designar as escolas para onde seriam designados”, apontou a coordenadora da Central.
O problema, segundo ela, é que o sistema teria encaminhado alunos para escolas avulsas, sem ligação com o poder de escolha que lhes foi dado na hora da matrícula oficial, por exemplo. “No fim, tanto estes que não querem estar para onde foram designados quanto os mais os 615 que não fizeram inscrição vêm buscar uma nova escola – só que estas escolas já têm suas turmas organizadas e suas matrículas efetivadas. O jeito é tentar encaixar com o que sobra”, completa ela.
Foi o que aconteceu com a Silvana. Ela não matriculou o filho, de 10 anos, no período de inscrições porque tinha expectativa de mudar de bairro e vender a casa. O plano acabou não dando certo – e agora o filho está sem ir para a escola. Já com Brenda a realidade é outra. Ela faz parte do grupo de adolescentes que deixou a escola por conta da gravidez e precisa retornar para completar os estudos. Ela, que interrompeu no 1º ano do Ensino Médio, procura vaga na Escola Monteiro Lobato. Tanto Silvana quanto Brenda vão precisar madrugar na fila para tentar resolver a situação. De acordo com Rosângela, outras situações também agravaram a questão da alta procura pelas vagas. A busca por escolas do bairro, próximas de casa, é a opção mais procurada. Além disso, muitos jovens estariam saindo das escolas particulares por conta da crise político-econômica atualmente vivida no país.
Tentativas de resolução
O jeito foi oferecer outras escolas para os alunos remanescentes. “Oferecemos a escola mais próxima do bairro onde vive. Se não tiver, deixamos em aberto para que, durante o ano, em caso de transferência, ele possa ser remanejado para o lugar de interesse, obedecendo a fila de espera”, pontuou a coordenadora. Outra medida tomada no momento é o contato direto com todas as escolas estaduais do município, para que sejam liberadas vagas a mais aos casos mais extremos.
A escola Ernesto Toccheto, do bairro Vera Cruz, por exemplo, é um dos que já está lotado e sem disponibilidade de vagas no momento. No geral, as escolas mais procuradas são as do centro – EENAV e Fagundes – e dos bairros – Lucille Fragoso de Albuquerbe e Mário Quintana. Como afirmou o coordenador da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Santos Olavo Misturini, não deve haver preocupação extrema no caso das crianças perderem alguns dias de aula neste início de ano letivo. “Gradativamente todas as pessoas terão espaço”, garantiu ele.