As investigações soam como rugido de leão na ninhada da gataria, após a delação da Lava Jato. Tanto que o Congresso Nacional a cada instante registra movimento sub-reptício visando modificar a lei eleitoral e o próprio Código Penal para amenizar as penas dos crimes de caixa – 2. Após meses e meses de silêncio, a Odebrecht abriu o cadáver em decomposição para revelar identidades macabras do crime de corrupção. O clima funeral atinge os poderes da República, sacudindo os principais líderes do PMDB governista, PP, tucanos e outros, além do PT que era apontado como foco. Os impulsos odiosos já não mostram a mesma força. O pânico da devassa parece unir os líderes políticos de todos os partidos envolvidos em denúncias no atrevimento que se propõe a anistiar o crime com subterfúgios de uma legislação que perdoe crimes vergonhosos. O ministro Janot adverte severamente para os ataques contra a democracia que cobra responsabilidades. Núcleos pertinazes, sorrateiros, que se agarram no projeto espúrio de anistia ao crime de colarinho branco.
Leite envenenado
E continua a pérfida ação de criminosos que se inserem na cadeia produtiva de leite. As últimas prisões de bandidos que vendem leite e derivados denunciam a contaminação dos lotes do sagrado alimento. O promotor Mauro Rockenbach relata a criminosa mistura de neutralizantes no leite podre, inclusive soda cáustica. É doloroso que isso ainda aconteça, mas é preciso vigiar, o povo e a sofrida estrutura fiscal de qualidade dos alimentos. A pertinácia dos acusados na operação leite é repugnante. Eles envenenam alimento do povo para obter lucro.
Crime no creme
Foram dez testes de qualidade de derivados do leite que levaram à prisão de falsificadores do produto. Cremes de leite sofriam misturas absurdas e os infratores estão presos com agravantes de outras denúncias de crime de sonegação fiscal. O creme escondia o crime, que deve ser punido. Os falsificadores trocavam mensagens escarnecedoras ao comentarem sobre o leite podre reaproveitado.
Pirotecnia e investigação
Aos poucos vamos aprendendo que o processo criminal contra corrupção deve coletar provas para consolidar as condenações judiciais. O depoimento do ex-presidente Lula foi um desabafo franco a respeito das investidas em denúncias que atendem mais aos holofotes do que à formação de provas. O mero discurso, que serve para a defesa como diluição de provas não tem a mesma serventia para a acusação. Parece que a fase de loas e proselitismos que alimentam a mídia já foi superada.
Tobias Barreto
A TV Senado apresentou valioso programa sobre atuação do sociólogo e jurista Tobias Barreto. Foi um contestador e acirrado debatedor das teses libertárias, nas atividades da escola jurídica de Recife. A memória dos contestadores à preponderância positivista, como disse Sílvio Romero, foi semente de correntes igualitárias (século 19), como a luta pela valorização da mulher, que era relegada no texto legal.
Temer surpreso
O pedido de investigação de envolvimento em fraudes apresentado pelo procurador geral Rodrigo Janot explodiu como bomba na janela do Planalto. Foram cinco ministros apontados, incluindo Eliseu Padilha que permanece sentado à destra do presidente. Além de Moreira Franco, Gilberto Kassab e Aloysio Nunes, Temer teve sobressalto com a citação do nome de Bruno Araújo, das Cidades. E os ex-apoiadores do PTB, PSB e PSD, já são considerados traidores políticos do atual governo. Com isso fica fragilizada no Parlamento a proposta de reforma previdenciária, que é considerada necessária no debate de nosso futuro.
Povo na rua
Em meio a tantos interesses nacionais partidários está faltando manifestação popular. Sem o povo nas ruas, os manipuladores do poder oligárquicos fazem a farra. A investigação da Polícia Federal não pode parar, mas o povo nas ruas é indispensável.
Celso
Conheci um colega ainda do jardim de infância, irrequieto e alegre. Celso Scortegagna deixa saudade com sua simplicidade, sabedoria e solicitude. Condolências aos familiares.