A metodologia de atendimento para agendamento de exames no Sistema Único de Saúde (SUS) vem causando descontentamento entre pacientes. O dia estava amanhecendo quando Mauro dos Santos, de 52 anos, chegou ao Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) Hípica, na rua Travessa Osvaldo Motta Fortes, nesta quarta-feira (29). Mais de 90 pessoas já aguardavam na frente de Santos. O homem, que é diabético, pegou a senha 94 para marcar exames de sangue. Ele já havia tentado o agendamento em outra oportunidade, mas não havia conseguido.
O sol não havia nascido quando a fila começou a se formar, ainda na madrugada. “Teve gente que chegou aqui as 4h30. Meu marido está há um mês esperando pelo exame para que ele possa começar a fazer hemodiálise”, lamentou Loreci Ribeiro, de 59 anos. Ela acompanhava o marido que tem insuficiência renal e precisa realizar exames antes de começar a hemodiálise. Ele aguarda a cerca de um mês o agendamento. Segundo ela, depois que o agendamento de exames passou a ser mensal o atendimento piorou. Eles pegaram a ficha número 175.
Foi próximo das 7h que o número de pacientes à procura do agendamento praticamente dobrou. Uma mulher, de 51 anos, que não quis ser identificada, conseguiu a ficha de número 181. “Antes, quando marcavam exames todo dia, não tinha esse problema. Agora que marcam só uma vez por mês gera todo esse tumulto. Vi muitas pessoas indo embora porque havia muita gente na fila”, conta.
A cena se repete todo o mês. De acordo com o secretário de Saúde de Passo Fundo, Luiz Artur Rosa Filho, o agendamento de exames é liberado pelo governo do Estado do RS e a metodologia não depende do município. “O governo libera as cotas de exames em um dia pré-fixado, então naquele dia abrem as autorizações de exames. As pessoas são orientadas a vir naquele primeiro dia para poder garantir o acesso ao exame. Isso faz com que haja uma fila, mas que logo é resolvida, e em geral 9h30 da manhã não tem mais fila”, esclareceu o secretário da pasta.
O atendimento da Hípica não é exceção já que o sistema funciona de maneira igual em todos os cinco Cais e na Secretaria de Saúde. “É a única fila que resta se considerar que antigamente as pessoas tinham que ir na madrugada para tirar ficha para diversos serviços. A única fila que não extinguimos foi essa em função da determinação do Estado”, complementou Luiz Artur Rosa Filho.
Cotas
A 6ª Coordenadoria Regional de Saúde informou que são disponibilizados 46,4 mil exames mensais pelo governo do estado, entre laboratórios privados e da cidade. Este número é vulnerável, de acordo com a coordenadoria, uma vez que varia de acordo com o valor do exame realizado. O investimento mensal é de aproximadamente R$ 225 mil. Questionado se todos os pacientes conseguem agendar exame, o secretário municipal informou que “depende. Na Secretaria Municipal de Saúde, as cotas duram até o dia 15, as vezes menos, as vezes um pouco mais. Estamos trabalhando com a possibilidade de ampliar cotas pagas providenciadas com recursos do município. Está é a estratégia que tentaremos implantar em breve”.