A malha rodoviária e o déficit do setor foram os temas abordados durante a tarde de debates do III Congresso de Infraestrutura, Transporte e Logística do Norte do RS (III Logistech). O evento, promovido pela Universidade de Passo Fundo, discutiu questões como os pedágios, as parcerias público-privadas (PPPs), as duplicações das rodovias e a necessidade de investimentos no setor rodoviário.
Com o tema “As alternativas e os benefícios da construção de PPPs na malha rodoviária no Norte do RS – o déficit no setor no Norte do RS”, o debate teve mediação do jornalista Daniel Scola e coordenação do reitor da UPF, professor José Carlos Carles de Souza. Participaram da mesa o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Hiratan Pinheiro da Silva; o deputado federal José Stédile; o presidente do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS), Alexandre Mendes Wollmann; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Carga do Norte do Rio Grande do Sul (Setracap), Izonir Canalli; o conselheiro da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Menzel; o representante do Banco Modal de Investimentos , Renato Polizzi; e o vice-presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), José Luiz Turmina.
Em sua fala, o reitor da UPF citou algumas obras importantes, como as realizadas nas BRs 386 e 285, indagando sobre custos e investimentos . “Se queremos ter desenvolvimento local e regional, precisamos ter infraestrutura adequada”, salientou. O debate inicial abordou a questão das condições da rodovia, promovendo, especialmente, discussões acerca dos pedágios. “Sem duplicação, não se fala em pedágio. O setor rodoviário é o que mais sofre hoje no Brasil. Somos a favor do pedágio, desde que sejam realizadas as duplicações”, disse Izonir Canalli.
De acordo com Turmina, há muitas dificuldades no setor logístico, sobretudo pela depreciação dos veículos e pelo alto custo dos transportes. “Há oito anos o custo da logística era de 3,5% a 4% do faturamento das empresas e hoje está em 6%. O setor de transportes está sofrendo em nível de custo de pedágio, que é elevado”, apontou.
Cenário
Nas palavras do presidente do Senge-RS, Alexandre Mendes Wollmann, no que diz respeito à infraestrutura, o Brasil vive de “soluços”, e a Engenharia vem acompanhando o modelo estatal. “Na década de 70, se falava muito de investimento. Anos depois, tivemos uma grande depressão. De 2000 para cá, tivemos os Programas de Aceleração do Crescimento, que talvez venham fomentar a infraestrutura do país”, disse, evidenciando que “ o modelo institucional brasileiro precisa ser repensado, precisa ser pensado como estado e com planejamento”.
PPPs
O superintendente do DNIT, Hiratan Pinheiro da Silva, destacou que o momento é de restrições orçamentárias. “Estamos às vésperas de novos orçamentos. Temos que chegar a um momento em que o investimento público seja uma parcela e o usuário seja a outra, uma vez que a parcela privada é usuária das rodovias”, citou, mencionando a necessidade de mais PPPs.
O deputado José Stédile, que integra a frente parlamentar em defesa das ferrovias, mostrou-se favorável às parcerias. “Vamos lutar para que sejam feitas mais parcerias e investimentos necessários, articulando preço, local e investimentos nas rodovias”, afirmou.
O representante do Banco Modal, Renato Polizzi, assegurou que o capital existe, nos níveis nacional e internacional. “O capital é globalizado e investe em qualquer lugar do mundo”, disse, pontuando que, para haver investimento na região, apenas é necessário um modelo de negócio sustentável e que dê retorno. “O mesmo capital que investe em ferrovia aqui pode investir em qualquer outra região”, concluiu.
Por fim, o conselheiro da Fiergs, Paulo Menzel, considerou que a condição das estradas é uma responsabilidade compartilhada de cada cidadão. “Ninguém reclama as promessas feitas nas urnas. Todos nós temos responsabilidade pelos problemas estruturais. O Estado está há 55 anos atrasado naquilo que deveria ser o mínimo em infraestrutura e logística”, pontuou. Segundo ele, para desenvolver modelos de PPPs, necessita-se de fundo garantidor. “Quando pensamos em pedágio, se pensa em custo extra. Estamos pagando custo de logística de 20,20% do PIB do Estado, quatro vezes acima do que deveríamos pagar”, considerou.
Rodovias, pedágios, PPPs, duplicações e investimentos em infraestrutura
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