A propagação midiática pouco tem feito na sua missão de preservar um dos valores mais intrínsecos da individualidade e garantia familiar. Isso porque a moradia tem sua natureza onírica descolada das falsificações consumistas. Na prática a efetividade deste direito premente guarda padrões invioláveis desde priscas eras da humanidade. As cavernas não eram menos acolhedoras que um grande número de habitações extremamente toscas em nossa atualidade. O chão próprio é célula que constitui desde o nascimento a base do convívio afetivo. Acalenta a afetividade. A falta deste espaço físico é acesso negado ao primeiro aprendizado da vida. É como a prolongação da proteção do útero materno. Este primeiro impulso para o crescimento humano, infelizmente, vem contemplado apenas subsidiariamente no cotejo pedagógico perante um status ilusório. É a faceta indispensável que ganha menor prioridade perante uma equivocada sociedade de consumo. A tecnologia evoluiu espantosamente, mas sem a necessária absorção no contexto familiar. A responsabilidade como política social, então, nem se fala. Os meios técnicos evoluíram, mas a dormência deste valor é escoima à política habitacional.
A luta pela casa
O episódio que ganhou manchetes na imprensa estadual, confrontando o direito de posse do conjunto habitacional de Canoas, expõe a luta pela moradia. O despejo dos invasores, decidido de forma pacífica não deixa de expor o aspecto angustiante. Mães com seus filhos que tentaram invadir as casas e não tiveram êxito. Desapontadas derramaram lágrimas. As famílias habilitadas choraram a emoção de reaver suas casas. A administração pública ficou aliviada. E nada mais. Gente humilde continua o sonho imerso em lágrimas.
Todos devem agir
Temos a lembrança de episódio judicial em Passo Fundo, na tramitação da ação de despejo na Beira Trilhos. Pela primeira vez verificamos a intervenção do juiz de direito da comarca, chamando à lide os poderes públicos. Dr. Cristiano Enger Aires invocou princípios constitucionais atribuindo responsabilidades de políticas habitacionais. Investido na função jurisdicional e empenho com saber jurídico inovou momento de resgate da importância sociológica cabível ao caso. O exemplo na sua condição de agente público é marcante e gerou envolvimentos necessários. Há necessidade de participação de todos, individualmente, coletivamente e institucionalmente para este problema social e perene.
Equações
A moradia mínima tem como ser fortemente equacionada. Tudo se reporta a atitudes sérias, desde responsabilidade paterna de abrigo às crianças que são trazidas ao mundo, até a racionalidade mínima dos governos. Obras não prioritárias, não acabadas, desvios e a corrupção frenética que sacode o país, representam um somatório bem maior que o necessário ao direito à moradia. O potencial humano de crescimento está ligado pedagogicamente às condições mínimas de moradia. A saúde psíquica, condições sanitárias e o trabalho estão conectados à habitação básica.
Amarelas
No final da década de 50 surgiram as primeiras casas populares de Passo Fundo que pude conhecer, na administração Daniel Dipp. Eram casas de material, geminadas, as amarelinhas, que pareciam pequenas e simples. Passadas seis décadas a área cresceu e as casas resistiram bem. Lição histórica!
Justiça Eleitoral
A decisão do TSE, desde o despacho do ministro Herman Benjamin, é tida por grandes observadores da imprensa como a grande chance ao presidente Temer. Ele quer se desvincular das acusações contra sua chapa. O representante da Procuradoria Eleitoral, Nicolao Dino insistiu em abrir novo espaço para ouvir testemunhas. Se dará certo para defesa de Temer, não se sabe.
Exxon e o povo
O povo brasileiro está em compasso de espera, enquanto é instigada a possibilidade de anulação da eleição Dilma/Temer para convocar nova eleição. Os negócios de gestão, com a venda massiva de permissões do patrimônio nacional, também esperam. “Dunc spero, spiro” (enquanto espero, respiro). Assim está o clima dos interesses, entre legítimos e menos seguros como a iminência de aquisição de grande fatia do pré-sal, pela Exxon.