Com a intenção de reunir material histórico sobre Passo Fundo, para as comemorações do primeiro centenário do município, celebrado no ano de 1957, o escritor, historiador e jornalista, Jorge Cafruni, juntamente com um grupo de colaboradores, acabou dando o passo decisivo para consolidação de uma entidade responsável por zelar pela memória da cidade e região. No mesmo dia em que comemora 63 anos de fundação, (próximo sábado), a direção do Instituto Histórico de Passo Fundo (IHPF) inaugura a primeira sede própria ao longo destas seis décadas. A solenidade está marcada para às 9h.
O prédio moderno, com 400 metros de área construída, dividido em dois andares, vai integrar o Espaço Cultural Roseli Doleski Pretto, formado pelo Museu de Artes Visuais Ruth Schneider, Academia Passo-fundense de Letras, Teatro Múcio de Castro, Secretaria de Cultura e uma arena para apresentações. Com acesso tanto pela rua Teixeira Soares, como avenida Brasil, o local será batizado de Dr. Carlos e Celina Madaloso, em homenagem ao casal responsável pela doação do terreno e recursos para construção da obra.
No comando do Instituto desde maio do ano passado, Fernando Borgmann Severo de Miranda explica que o local terá espaços destinados para biblioteca, acervo, exposições e pesquisas. A intenção, afirma, é alugar o segundo andar para alguma entidade cultural como forma de obter recursos e ajudar na manutenção das despesas. Através de parceria, a Universidade de Passo Fundo vai disponibilizar dois estagiários. O acesso do público para pesquisa e visitação é totalmente gratuito.
Acervo
Considerado o terceiro Instituto Histórico mais antigo do Rio Grande do Sul, o IHPF conseguiu em de seis décadas, um acervo com mais de 15 mil páginas entre documentos avulsos e em conjuntos, totalmente digitalizados. As doações tiveram início ainda em 1954, a partir da comissão formada para reunir material histórico sobre Passo Fundo. Uma encomenda da prefeitura visando as comemorações do primeiro centenário que aconteceria três anos depois, em 1957. Os moradores compreenderam a importância do chamado e passaram a doar fotografias, correspondências, documentos, livros, entre outros objetos com relevância histórica.
Com o crescimento considerável das doações e a falta de uma sede própria, o acervo peregrinou por vários endereços ao longo dos anos. Um deles foi a casa do vice-presidente, Gomercindo dos Reis, na rua General Neto, centro. A sede da Academia Passo-fundense de Letras também abrigou o material durante um período.
Autor do livro Um sonho, título em homenagem ao idealizador Jorge Cafruni, o historiador Welci Nascimento conta a história do IHPF, entre os anos de 1954 a 2014. Para ele, a entidade não teve um destaque ainda maior nas seis décadas de existência, justamente pela falta de uma sede própria. “Uma família sem teto fica desnorteada” compara. O historiador lembra que o IHPF teve as atividades interrompidas durante alguns períodos e que sua retomada aconteceu há 10 anos, quando o médico e historiador Pedro Ari Veríssimo da Fonseca (falecido em agosto de 2015), assumiu o comando.
A partir da nova gestão, os associados retomaram as reuniões. Novos integrantes passaram a fazer parte do projeto. Outra mudança significativa foi a reformulação do estatuto. O IHPF ganhou o status de personalidade jurídica. Condição que possibilitou uma parceria, através de contrato de comodato, com a Universidade de Passo Fundo, para transferência do acervo ao Arquivo Histórico Regional. Além de um local adequado, o material todo passou por um processo de digitalização.
“O doutor Ari foi uma espécie de Cafruni 2 para o Instituto. Ele assumiu as rédeas e fez a coisa andar” observa Nascimento. Outo legado deixado durante a gestão de Veríssimo, foi a revista Testemunho da história, primeira publicação da entidade. “O próprio livro que escrevi contando a história do IHPF foi um pedido dele” revela Welci.
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