A máscara da hipocrisia cai diante de nossos olhos incrédulos perante o espelho da verdade mínima. Os séculos de política de poder e iniqüidades sociais no país, nunca foram abalados tão claramente como no tremor que sacode Brasília. Em plena Semana Santa, onde refletimos sobre o sacrifício cruento de um homem justo, acusado como insidioso perante a mediocridade oficial, parece que algo de novo ilumina a esperança de justiça. O Brasil não poderia mais adiar o confronto com a corrupção que esgota recursos materiais e o ânimo popular. A justiça estatal, tantas vezes omissa por meio de arbitrariedades policialescas que perseguiam apenas os infratores de menor poder, finalmente atinge redutos inflados por uma cruel incolumidade. O antagonismo histórico da crucificação de Cristo, acusado por defender causas do povo humildade, indica que o trabalhador honesto, pessoas de bem, sempre crucificados, podem dar novo rito aos acontecimentos. Aleluia, as castas dos intocáveis finalmente entendem que precisam responder pelos seus atos. Nesta leva, uma centena de eminências políticas são incluídos na lista dos investigados. Aleluia, a zombaria, a luxúria de ladrões e ladras que gastam verbas da saúde pública em prazeres nababescos encontra forte oposição. Explorador investigado e preso paralisa a afronta que debilita serviços essenciais do estado. Os índices de desemprego e a aflição da dívida doméstica acentuam a revolta das pessoas de bem que lutam pela vida digna. A investigação de barões hipócritas e prepotentes, aleluia, pode estancar a iniqüidade.
Estouro
Os procedimentos de investigação atinge o núcleo do governo Temer, que passava a idéia enganosa de depuração. Sentado à destra de Temer, Eliseu Padilha passa a ser investigado por recebimento de propina. Moreira Franco, Gilberto Kassab, Helder Barbalho, Aloysio Nunes, Bruno Araujo, Blairo Maggi e Marcos Pereira serão investigados. Os ex-presidentes da República, vivos, estão na lista. A investigação atinge os atuais presidentes da Câmara e Senado. A fase é de investigação, com amplo direito de defesa. Todos negam os fatos. Mas, uma centena de acusados do proscênio político, é situação gravemente inusitada. Certamente muita coisa ainda ficou debaixo do tapete por falta de evidências, mas o momento derruba os intocáveis.
Ameaça de anistia
O procurador federal da Lava Jato, Carlos dos Santos Lima, alerta que a tentativa de anistiar crimes de corrupção vem com toda a força. Não há nenhuma certeza de que a falta de vergonha de parlamentares não apresente projeto de anistia.
Resistência
Tribunais, Ministério Público e Polícia Federal, acusaram o golpe do projeto de lei de abuso de autoridade. É o momento em que se espera postura firme do aparelho policial e judiciário. Mesmo com a aprovação de tal lei, que ressurge de forma espúria, em momento inoportuno, o rigor mínimo das investigações não pode enfraquecer. A contribuição dos agentes públicos não pode descambar para uma linha de conforto, ou omissão. Polícia Federal, Ministério Público e Magistrados, constituem elite poderosa de quem é exigível galhardia em favor da justiça.
Fratura exposta
O Rio de Janeiro, tão privilegiado pelas condições econômicas, vê seu tesouro devastado pela roubalheira, presidida pelo próprio governador Sérgio Cabral do PMDB. Mais terrível a revelação de corrupção que atacou covardemente os cidadãos flagelados que mais precisavam de ajuda pública. O próprio secretário roubava da saúde. Isso é barbárie!
Reforma
Dizer que a reforma previdenciária foi abalada por causa das investigações, não é sério. O dever dos parlamentares é discutir e votar o projeto.