OPINIÃO

Teclando

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Pedrinho e o Capitão

O Capitão foi personagem de elevada prateleira no folclore passo-fundense. Tinha sido mecânico da aeronáutica e, com parafusos um pouco fora do torque, perambulava pelo centro de Passo Fundo. Entre a penúria e mais um gole, sempre tinha boas tiradas. Lá pelos anos 1980, estávamos na primeira mesa do Bar Oásis: Pedro Batista Nunes, Argeu Santarém, Waldir Sudbrack e eu. O tempo pra chuva atiçou os xaropes e provocou uma romaria de pedintes. Não conseguíamos conversar e Pedrinho estava indignado com os mordedores. Lá pelas tantas chegou o Capitão. Pedro bufou “era só o que me faltava”. Mesmo irritado, prevaleceu o bom coração. “Vai lá – apontando para a tribuna do canteiro central – discursa sobre o Brizola e não volta mais aqui”, disse entregando o que seria hoje uma cédula de R$ 50. O Capitão estava quase no canteiro quando resolveu voltar. Pedrinho ficou vermelho de raiva, levantou, mas não teve tempo para falar, pois do meio da rua o Capitão perguntou: “É a favor ou contra o Brizola?” As gargalhadas foram acompanhadas por várias “papo-amarelo”, apelido carinhoso da maravilhosa Pilsen Extra da Antarctica. E o discurso? Foi ótimo e mesmo sob um leve chuvisco reuniu muita gente. O Capitão era do ramo e o tema empolgante. A favor, claro!

O psicotécnico

Conhecemos o exame psicotécnico com um requisito para obtenção da carteira de motorista. Mas também é aplicado em concursos públicos e para recrutamento na iniciativa privada. Basicamente, é uma avaliação da personalidade. No caso das habilitações de motoristas é um instrumento para barrar pessoas desequilibradas.  Em outras situações avalia se, psicologicamente, há compatibilidade com a função a ser desempenhada. Interessante. Então, fico imaginando por que não é aplicado aos pretendentes de cargos públicos eletivos? Ora, se é exigido para conduzir um veículo, por que não é obrigatório para conduzir um país, estado ou município? Isso, claro, para cargos executivos e legislativos. Sou leigo em matéria de psicologia, mas acredito que um bom teste também deve detectar os sintomas da desonestidade. Se houvessem testes rigorosos para os políticos, com certeza, diminuiriam os atos prepotentes, os desmandos da insanidade e os índices de corrupção.

A caravela

O monumento da caravela, no Trevo do Sesec, é motivo para divergências desde a sua concepção. Nem cara e nem vela, nunca tive o mínimo fascínio pela embarcação de concreto, mas também não carrego total aversão. Na verdade, a caravela é tipo piada pronta. No imaginário já serviu para provocações políticas, alusões às deficiências de transportes e até comparações com a Arca de Noé. Então vamos gracejar. Se a homenagem é ao descobrimento a caravela está no lado errado da cidade. Nesta navegação faltou o astrolábio, pois ali onde está, fica em direção ao Oceano Pacífico. Ora, os portugueses chegaram pelo Atlântico, que fica para o lado da São Cristóvão. E em caso de dilúvio, quem seria o Noé passo-fundense?

 

O retrogresso

Num período de oito dias os supermercados não abriram em três.

Trilha sonora

Na tranquilidade da new age, a cantora, instrumentista e compositora irlandesa Enya gravou em 1995: Anywhere Is

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