Uma questionável convenção denominou ao segundo domingo de maio o dia consagrado às Mães. Ora, que dia não é o dia delas? Será que as mães comemorariam o dia dos filhos de alguma maneira especial ou diferente daquilo que ela faz diariamente? Mesmo assim, tentamos tornar essa data uma mágica de reaproximação com as pessoas a quem devemos pelo menos o aluguel do útero como se fosse uma kitinete e alimentação prazerosa até que tivéssemos condições de sair e sobreviver, com ajuda é claro. Há muito ou há muito antigamente atrás, como diz um conhecido, imaginava-se que a mulher era apenas uma grande incubadora e que ao homem coubesse a tarefa de repassar aos rebentos a hereditariedade. Com a evolução da genética passamos a compreender a importância do homem e da mulher na transferência de informações celulares ao que vai chegar. De qualquer forma, os homens que foram considerados como top caíram para o segundo lugar no podium pelo simples fato de que não podem ser gestantes. Ser mãe é algo divino e essa divindade não pertence ao homem. A mulher gestante é santificada e lembro de Elis grávida quando gravou Romaria, de Renato Teixeira, em absoluto estado de graça.
Mais do que essa impossibilidade obstétrica falta à maioria dos homens o conhecimento do amor transcendental ou amor de Cristo, conhecido pela palavra Ágape. A mãe dispõe dele e o amor de mãe é o que há de mais parecido com o amor de Deus porque é incondicional. A mãe amará intensamente o filho que já amava antes mesmo de engravidar, amava desde quando criança brincava com suas bonecas e amará pela eternidade porque o amor de mãe é além dos tempos.
Delas ganhamos tudo: os melhores lugares da cama, da mesa, o canto especial do coração, quando não o coração inteiro e continuarão oferecendo em generosas doses de bondade e carinho mesmo que delas esqueçamos, mesmo que as deixemos em segunda plano, mesmo quando são substituídas nas nossas vidas por outra mulher. Dessa outra mulher, esposa ou similar, nossas mães somente desejam que nos tratem bem e quando se trata de genros que honrem suas filhas.
Minha mãe deu-me tudo isso e alcançou-me algo ainda maior. Por ser espírita indicou-me esse caminho como se dissesse: meu filho, aqui está a senha para que a gente continue se falando depois que a gente se separar. Ao me indicar essa tarefa quis me preparar para que eu estivesse de prontidão para o acalanto nos piores momentos das pessoas: dores, saudades, desalentos, problemas conjugais ou com os filhos, solidão, sensação de menos valia, medo da escuridão. Deverá, meu filho, estar pronto para estender a mão, oferecer ombros e ouvidos. É a mensagem de Deus através do grande canal de comunicação Dele com os simples mortais, linguagem e conduta daquelas que o representam da melhor forma – a mãe. Abrace a tua velha, mesmo que fisicamente ela não esteja presente, ela vai captar o teu carinho e o teu agradecimento.