OPINIÃO

Maniqueísmo não ajuda

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O episódio mostrado nas redes da comunicação social, sobre o depoimento de Lula, na audiência presidida pelo juiz Sérgio Moro, não serve para definir um placar de vencedor e perdedor. Um é ex-presidente e outro é juiz federal de primeira instância. A ânsia da multidão espectadora divide-se em entre prós e contra de forma maniqueísta, focada em sensação diferente do principal objeto no processo, que é prova das denúncias, ou ausência ou insuficiência destas. É possível aquilatar, no entanto, a compreensão sobre a conotação democrática que deve orientar os passos de um julgamento. A denúncia formalizada pelo MP pende de elementos técnicos de prova que enfrenta a versão de um argumentador versado na arte de expor suas razões. A insistência de Sergio Moro em reiterar situações acusatórias e a resposta desassombrada de Lula, sem dúvida, compreendem um momento do indispensável contraditório ou direito de defesa. É próprio do caráter democrático do processo criminal. Como diz a música “não se assuste pessoa...”. O desfecho só virá, ainda em primeira instância, com a sentença. Os recentes julgamentos no Tribunal Regional Federal mostram que recursos, de ambas as partes, podem modificar tudo. Isso é óbvio para quem vê a técnica jurídica, mas não é o mesmo para maniqueístas que tratam Moro como o “Justiceiro”, ou os fãs de Lula, que o enxergam apenas, e cada vez mais como herói nacional.

Provas

A prova no processo criminal é essencial. O momento da nação é único e exige forma com atitude de idoneidade das instituições que investigam e julgam. Os exageros e meros holofotes só prejudicam. O proselitismo ou o ufanismo eleitoral com ódios recíprocos prejudica a justiça que já é humana e sujeita a defeitos. O que importa é que os procedimentos disponíveis sejam aplicados, a todos! Isso poderá gerar uma nova atitude nacional de raiz, na defesa da seriedade alcançável.

Desdobramentos

O conjunto de valores a ser resgatado, com essa epopéia investigativa deve sacudir e gerar uma nova realidade na expectativa de valores também entre pessoas comuns. O momento é sério e talvez oportunidade única, para que a vilania de séculos não seja mais tolerada. A varredura só será válida se instalar uma vigilância permanente contra os focos de corrupção, crime que assola a sociedade civil, além do poder público. Neste sentido é mais que legítima a ação do povo que vai às ruas para exigir punição aos falsificadores do leite, aos que fazem das próteses e toda a logística de saúde um negócio sujo, e tantas coisas absurdas. É o direito de dizermos todos os dias que não agüentamos mais essas vilanias. Só assim evitaremos o estado de injustiça, ou a guerra interna.

Rede de advogados

O enredo é sempre o mesmo. Mal ingressam na elite financeira o crime se torna vício incontrolável em busca diabólica do lucro sem limite. Agora o MP/RS investiga advogados que negociavam valores para renunciar ações e prejudicar pessoas humildes que representavam em ações contra operadoras de telefonia. O questionamento investiga manobras fictícias e valores indenizatórios assinados por advogados das vítimas, protocolados em papéis timbrados de empresas que representam operadoras. O prejuízo é enorme!

Retoques:

  • Há coisas que só entendemos aos 69 anos. Diante das queixas ou manhas de guri, o pai e a mãe respondiam, a respeito de alguma dor no corpo: é falta de serviço! Não se falava em remédio. Essas dores passageiras, agora insistem com mais convicção, mas o primeiro diagnóstico ainda é o mesmo. Basta se mexer que muita coisa se resolve antes da primeira farmácia que povoam a cidade.
  • Algumas coisas mudaram na violência dos mortais que querem muito dinheiro a qualquer preço. Dizem que os camelos perderam as orelhas de tanto querer chifres – “camellus, cornua cupiens, aures perdidit”. 
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