OPINIÃO

26

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Meu filho Ramon completou 26 anos neste 17 de maio. Eu tinha essa idade em 1983, que considero divisor de águas a minha vida. Santiago, Hospital Militar e Artilharia para quitar a dívida com o exército. 1983: Fagner (Guerreiro Menino), Alceu Valença (Anunciação), Roupa Nova (Anjo) que era tema de Juliana Maitê Proença) na novela Guerra dos Sexos e anjo caía bem para Maitê. Também foi ano de Lulu-Nelson Motta (Como Uma Onda no Mar). Ano de De Leon-Mazzaropi-Renato-Cesar-China-Tita e a primeira Libertadores. A coletânea da Abril da MPB com nomes como Caetano-Gil-Chico-Milton-Adoniram e outra da Motown com Michael Jackson-Commodores e muita leitura. Decidi-me, pela residência em cirurgia e essa decisão foi uma quinta de inverno entre 16-17 horas. Pronto, meu destino profissional estava selado.

Santiago do Boqueirão foi uma espécie de exílio, de olhar meu mundo de fora. Aos 26 estava deixando o menino Jorge e emergindo o homem. Eu olhava, através da colina em que ficava o campo de futebol do hospital militar, para uma sinuosa estrada de chão no horizonte. Meu destino estava ali, em alguma encruzilhada, para lugar qualquer. Deus, além da vida, deu a cada um de nós uma espécie de caixa de dinheiro dizendo: toma aí, faça as escolhas certas! Saber escolher é o canal. O que diferencia o menino do homem é a inocência, é a inconsequência. O menino parece estar sempre de recreio, o homem tem que bater ponto e batalhar. Mais do que sair do recreio é chegada a hora de dizer a que se veio. Senti imensa necessidade de tornar mais do que uma pessoa, queria me sentir gente. Gente gosta de gente, vive para outras gentes e, às vezes, mais do que para as gentes do que pra gente, entendeu?

Meu garoto, aquele em que dei o primeiro banho de chuveiro enquanto que a Globo oferecia a mini-série Tereza Batista ao som de Nana Caymi (Modinha para Tereza Batista) vive um ano de afirmação, de reconhecimento profissional da arte em criar imagens e trilhas para os sonhos das pessoas. Trabalhar nos sonhos das pessoas deve ser uma mágica como ter um programa de rádio a rodar trilhas sonoras das paixões. Queria dizer a meu filho e talvez a todos os nossos filhos que essa estrada sinuosa que você trilham já foram percorridas pelos  pais, adequando-se evidentemente às diferenças de perspectivas de cada geração. As angústias são as mesmas, a procura de espaços também. Mas, nós velhotes, estamos aí, dando força, oferecendo muitas vezes o que nossos pais não conseguiram ofertar e não raras vezes dando menos do que recebemos. Meu mundo era do rádio de pilhas, dos vinis e absolutamente sem grana, sem tecnologia. O de agora é para ontem, é High Tech e é também de relacionamentos amorosos que terminam rapidamente como a música Nevermore do Queen. Parabéns pelas conquistas meu filho, talvez 2017 seja o teu ano referência.

Dona Sandra, a que tudo comanda, fez aniversário ontem, dia 19 e tem a mesma idade do filho, coisas da vida. Sou extremamente feliz com as pessoas que o Criador destinou nessa travessia.

Gostou? Compartilhe