OPINIÃO

Não matarás

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O dia 22 de maio de 2017 lembra os dois anos do assassinato do Pe. Eduardo Pegoraro, fato acontecido na casa paroquial da cidade de Tapera – RS. O trágico acontecimento mobilizou a comunidade local, sob a liderança do atual pároco Pe. Oswaldo Baptista Ferreira Junior, que promoveu a IIª Caminhada pela Paz. A manifestação pública pela paz tem como fato desencadear o assassinato do Pe. Eduardo, mas o seu objetivo é mais amplo. É promover uma cultura de paz.

É necessário lembrar que desde o assassinato do Pe. Eduardo até hoje foram cometidos, aproximadamente, mais 118.000 homicídios no território brasileiro. As estatísticas mostram um aumento no número de mortes violentas. Não é possível ficar indiferente diante de todas as vítimas e seus familiares. Não é possível calar diante deste massacre.

Não matarás é um mandamento bíblico. Também é um princípio aceito universalmente em todas as civilizações. Por que não matar? Porque a vida é sagrada e na ótica religiosa é um delito contra Deus, Senhor e autor da vida. Toda morte violenta é um atentado à paz, pois gera um desequilíbrio, abre um vazio e provoca sofrimento.

A paz é fruto da justiça.  Num assassinato é cometida uma grave injustiça. Faz-se necessário e urgente que seja feita justiça. Uma sociedade desigual e injusta, onde os cidadãos não têm os mesmos direitos e deveres, não se conseguirá estabelecer uma paz duradoura. A sociedade tem os meios constitucionais e legais de fazer justiça. Não cabe aos indivíduos fazerem justiça, pois isto se caracteriza como vingança, gerando uma maior onda de violência. Infelizmente, a demora em fazer justiça, pelos meios legais, desenvolveu nos cidadãos um sentimento que a justiça tarda demais.

A paz é sinal do amor realizado. “Felizes os que promovem a paz” (Mt 5,9). Se lamentamos, com toda razão, tanta violência, isto ainda não é suficiente. O cultivo de pessoas pacíficas começa no cuidado e na vigilância de tudo que pode desencadear atos mais agressivos. Jesus comentando o mandamento não matar, alerta para os sentimentos e atitudes anteriores: raiva, palavras ofensivas e destrutivas, conflitos. Enfim, não se pode matar fisicamente e nem matar moralmente.

As pessoas assassinadas não conseguimos trazer de volta para o convívio terreno. Trabalhar para reverter, ou ao menos minimizar, o trágico quadro da criminalidade é possível. O cristão tem o Evangelho como referência de educação para a paz. “Cristo é a nossa paz” (Efésios 2,14). Criar um ambiente de paz, onde as pessoas podem viver seguras e em boa ordem. Na paz, são respeitadas a dignidade e o direito à autodeterminação do indivíduo e dos povos. Na paz, a comum existência humana é marcada pela solidariedade fraternal.

“Não há caminho para a paz. A paz é o caminho”. (Mahatma Ghandi)

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