OPINIÃO

O Anjo Negro

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Líder político do movimento que deu fim a Primeira República (1889 – 1930), Getúlio Vargas foi chefe do governo provisório até 1934 quando foi eleito pela Assembleia Nacional Constituinte presidente da República. Em 1937 o político rio-grandense radicalizou ao impor o que chamou de “Estado Novo” e governou sem o Congresso, partidos e eleições. Não poupou os adversários, censurou a imprensa e teve o suporte do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Em 1945, com o fim da 2º Guerra Mundial foi apeado do poder e os brasileiros voltaram às urnas para eleger a Assembleia Nacional Constituinte e o presidente da República.

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Recluso numa das suas fazendas no interior de Itaqui (RS) teve muitos anos para refletir sobre sua longa permanência a frente do governo. Eleito presidente em 1950 Vargas retorna ao Palácio do Catete “nos braços do povo”. Nacionalista o “Pai dos Pobres” conhecia como ninguém os meios políticos e montou uma equipe de governo que qualificou de “ministério da experiência”. O recado foi claro: se os objetivos não fossem alcançados o gabinete seria substituído. Para a chefia do Gabinete Civil da Presidência nomeou Lourival Fontes, ex-diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) no Estado Novo.

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Já nos primeiros meses de governo ficou evidente o isolamento estabelecido pelo próprio Vargas. Calejado conhecia muito bem os meandros do poder e os interesses da classe política e empresarial. Obras públicas, linhas de crédito junto ao Banco do Brasil, cargos para parentes, amigos e correligionários eram demandas que não lhe interessavam. Em meio às intrigas palacianas o presidente tem como porto-seguro a filha Alzira e seu guarda-costas. Filho de escravos alforriados Gregório Fortunato era natural de São Borja e após o fracassado Golpe Integralista contra Vargas foi chamado à guarda pessoal.

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Desde o retorno a presidência em 31 de janeiro de 1951 Getúlio Vargas era acompanhado dia-e-noite por Fortunato. Sua proximidade com o chefe de Estado provoca ciumeira nos meios políticos. Apesar da blindagem a campanha contra seu governo cresce na medida em que o projeto nacionalista avança. O isolamento do presidente se acentua na mesma proporção dos ataques de seus adversários. A tentativa de assassinato de Carlos Lacerda no dia 05 de agosto de 1954 e a morte do major da Aeronáutica Rubens Florentino Vaz cria uma crise política e Gregório Fortunato é acusado de ser o mandante da ação.

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Durante as investigações a polícia encontrou papéis e muito dinheiro junto aos pertences do suspeito que residia no Catete. Em que pese receber um salário de 15 mil cruzeiros Fortunato possuía bens estimados em mais de 65 milhões de cruzeiros. A crise estava estabelecida e a saída encontrada por Getúlio Vargas no dia 24 de agosto extrema. Ainda antes de morrer na cadeia foram reveladas as ações do Anjo Negro, como ficou conhecido. Fortunato havia se transformado em porta voz dos interesseiros junto a Vargas e para cada “favor” prestado era devidamente remunerado. Diante da enxurrada de escândalos que pululam nos dias atuais o caso descrito acima suscita infinitas reflexões.

Curtas:

# O governador José Ivo Sartori (PMDB) vai estar em Erechim na manhã desta segunda-feira (29).

# O chefe do governo gaúcho será recebido na Fundação Hospitalar Santa Terezinha (FHSTE) aonde vai assinar liberação de recursos.

# Os valores serão aplicados na aquisição de um novo tomógrafo que será utilizado no atendimento de pacientes de toda a região.

# O deputado estadual Gilberto Capoani (PMDB) liderou as audiências junto as Secretarias da Saúde e da Fazenda para garantir o investimento.

# O Plano Plurianual (2018 – 2021) será apresentado pelo governo do município de Getúlio Vargas.

# A audiência pública está programada para a próxima terça-feira (30), às 19 horas, na Câmara Municipal de Vereadores.

Dito & Feito:

O promotor de Justiça Fabiano Dallazen será o novo procurador-geral de Justiça do RS para o biênio 2017/2019. A confirmação foi feita pelo governador do Estado, José Ivo Sartori (PMDB) na terça-feira (23). Fabiano Dallazen, que atuou na Comarca de Getúlio Vargas, foi o primeiro colocado na eleição interna do Ministério Público, com 582 votos (70,9%). A posse está marcada para o dia nove de junho. 

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