Estranhos esses debates do TSE em que togados com alto conhecimento jurídico se dividem à cerca de crime-não-crime, delação-tem-a-ver com não-tem-ver, não é mesmo?. Fico entusiasmado com as teses apresentadas, sempre quis ser advogado ou juiz mas, faltou-me competência, faltou-me luz. Lembro dos sofistas gregos, aqueles que tinham o grande poder da oratória mesmo que a causa não fosse verdadeira ou justa. Quem se importa com causa verdadeira ou justa? Vale mais o poder da argumentação. Até a manhã dessa sexta o TSE está fatiado entre os que encaram o abuso de poder econômico da chapa Dilma-Temer como crime eleitoral e os que não entendem assim. Vai saber? Se os togados não sabem que direi de nós, os sem-toga?
Fico a matutar que se os togados não têm certeza como se poderia exigir de Lula que ,semianalfabeto, refere que nada sabia? Como exigir de Dilma que, como presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, refere que não sabia o que estava assinando? Como exigir de Temer que embarca em uma aeronave sem saber quem era o proprietário? É capaz de argumentar que nem sabia o destino daquele vôo. Deveria ter mais cuidado porque alguns acidentes aéreos deixam suspeitas. Os togados deveriam saber mas, a maioria deles foi indicada por esse ou aquele presidente e nós, do país do não saber, não sabemos a quem eles estão servindo, se ao padrinho ou ao país. Estariam servindo à verdade dos fatos? Vai saber.
Santa inocência, como dizia Robin (Batman e Robin), aliás esses dois, não sei não, vai saber. Sêneca (intelectual e advogado do Império Romano), em uma época em que a navegação era o transporte mais rápido, deixou o registro "todo o vento é ruim para o navegador que não sabe parar onde quer ir". O mesmo argumento foi usado por Lewis Carrol, em Alice no País das Maravilhas (1865)na cena em que Alice pergunta ao gato qual o caminho certo entre tantas possibilidades? Qualquer um, responde o gato, qualquer um se você não sabe para onde quer ir. Para o matuto que acha essas considerações muito profundas poderíamos usar uma metáfora mais abagualada tipo "para o ruim de cama até os testículos atrapalham", vai saber.
Nós, do país do não saber, nem sabemos em quem votamos no passado e em quem votaremos nas próximas eleições. Não importa saber que direção tomar se não sabemos para onde queremos ir. A solução de nós, do país do não saber, é perguntar ao gato de Alice ou a outros gatos, já que há tantos no nosso país, o do não saber.