OPINIÃO

Direitos sociais não podem falir

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O clima de atenção máxima em quase todos os segmentos sociais do Brasil exigiria resposta firme da classe política. E justamente as fortalezas partidárias sofrem as agruras da dilapidação. Os interesses imediatos afligem, não só a moral, a ética e o respeito à legalidade, mas fragilizam ideais implícitos nos programas partidários e normas constitucionais. A degradação conseqüente à desenfreada busca do dinheiro desonesto destrói intenções desenvolvimentistas. O resultado imediato á a fome, desemprego, desestímulo à educação e a própria insegurança. Algumas ações de urgência podem carregar equívocos. A substituição arbitrária de prioridades macula a história evolutiva dos princípios de defesa social democrática. A visão mercantilista engloba severas sanções econômicas ao estado, massacrando conquistas sociais. Ao ser invocada a necessidade de reequilíbrio das finanças públicas o primeiro corte atinge a classe trabalhadora e conquistas constitucionais, como moradia e educação. Os mega salários serão sempre preservados, mas em relação aos avanços sociais ocorre o retrocesso. O direito como força de transformação social precisa repensar a efetividade e reformular elucubrações acadêmicas com na falada proibição do retrocesso dos princípios da democracia social. O foco sociológico precisa ser mais vívido na política de eficiência jurídica. O estado falido não é o mais grave. Perigoso é o retrocesso social. Direitos sociais não podem falir.

Cotas raciais

A USP decidiu pela reserva de cotas raciais. A Meca dos cursos de Medicina causa impacto impressionante no meio conceitual da elite cultural, com algumas ressalvas. Pelo amor de Deus, só não digam que não resolve a situação de exclusão. Nada resolve isoladamente, mas a oportunidade a um segmento estigmatizado pelo desprezo é o mínimo que se possa fazer. Afro-descendentes representam força de trabalho e riqueza para o Brasil,  ainda que tacitamente quase dizimados. Só fato de sobreviverem aos séculos de exploração desumana indica potencial de sucesso. E este avanço não impede as necessárias melhorias no ensino médio, indutor de igualdade social.

Plano B

É indisfarçável o ritmo lépido do presidente da Câmara Rodrigo Maia. Mesmo se dizendo aliado e amigo de Temer, por certo fita a leda possibilidade de ocupar a presidência caso de aliados do poder abandonarem o barco do ex-vice. Está feia a situação de Temer. Maia, discípulo e amigo, certamente deve pensar como Aristóteles, ao discordar de Platão: “amicus Plato, sed veritas magis amica” (Platão é meu amigo, mas a verdade/realidade é mais amiga). À revelia de Temer, numa futura eleição indireta, este seria o plano B, de Maia, não de Temer.

Sergio Zveiter

O Palácio do Planalto vê que o maior perigo reside entre seus aliados. O presidente da Comissão de Ética acaba de indicar relator Sérgio Zveiter. Surpresa! Não para o plano B, de Maia. Zveiter é anunciado como inabalável, capaz de não se comover com as alegações de Temer, mas pode reconhecer a gravidade das acusações ao atual mandatário do Brasil como crime intransponível. Sérgio é experiente e foi presidente da OAB carioca. Um lastro respeitável do deputado peemedebista.

Retoques:

  • O ex-ministro Geddel substimou o episódio em que pressionou Marcelo Calero, que acabou renunciando ao cargo. É mais um da intimidade de Temer a exigir cuidados, dentro e fora da cadeia.
  • Mais do que impressionante é a insistência da propina mesmo com a Federal em plena investigação na Lava Jato. Neste sentido, a irritação da PF tem motivação.
  • Quem observa as negociações na Colômbia, percebe que os problemas do país têm solução. Importantes lideranças contribuíram para o pacto entre as FARC e o governo oficial. O negociador rebelde, Humberto De La Calle, acredita que a Colômbia esteja saindo de uma guerra para período de prosperidade, sem armas.
  • A Venezuela chega ao limite, gravíssimo e inexplicável: a fome!
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