Carlos Gayer nasceu no território da atual República Tcheca. Era engenheiro-agrônomo e começou a trabalhar com seleção de plantas de trigo e de outros cereais de inverno na sua terra natal, por volta de 1902. Chegou ao nosso País em 1913 e se tornou referência obrigatória como "O Pioneiro", quando o assunto é a história da pesquisa em melhoramento genético de trigo no Brasil.
Em 1909 foi criado o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio brasileiro. Apesar da alta rotatividade dos ocupantes desta pasta, nos primeiros 15 anos foram 16 ministros, teve início um grande esforço governamental para tentar resolver de vez o problema da produção nacional de trigo. E foi nesta época e ambiente que Carlos Gayer veio parar por aqui. Começou trabalhando no Paraná, depois no Rio Grande do Sul e, após 1925, se radicou em São Paulo.
O então deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Ildefonso Simões Lopes, em 1918, ao dar um parecer sobe o orçamento do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio da época, praticamente traçou um plano para a solução do problema nacional da produção de trigo. Um ano depois, quando passou a ocupar o cargo de Ministro da Agricultura, ele pode por em prática alguns projetos do referido plano. Começando pela fundação das primeiras estações experimentais e de seleção de sementes de trigo, em 1919. No caso: Ponta Grossa no Paraná e Alfredo Chaves (atualmente Veranópolis) no Rio Grande do Sul.
Carlos Gayer foi encarregado da organização e da direção técnica da Estação Experimental de Alfredo Chaves. Junto com ele vieram seus três irmãos: dois engenheiros-agrônomos e um engenheiro mecânico. Os irmãos Gayer trabalharam na referida estação experimental durante cinco anos, entre 1920 e 1924.
Para observar a adaptabilidade às condições de clima e solo do Sul do Brasil, Gayer trouxe para Alfredo Chaves trigos de diversas partes do mundo. Também selecionou trigos nas lavouras dos imigrantes italianos, que cultivavam este cereal na região. De imediato constatou a falta de uniformidade dos trigos plantados na zona colonial. Configuravam-se em misturas de variedades, que ele logo tratou de identificar, separar e purificar.
Atribui-se como o maior mérito do trabalho desenvolvido por Carlos Gayer em Alfredo Chaves o fato de ter reunido as variedades antigas cultivadas na zona colonial e separando-as em linhagens puras. Estas linhagens, conhecidas como linhas Alfredo Chaves, serviram de base para a criação de muitas variedades de trigo que obtiveram êxito no Brasil e até mesmo no exterior. Ele defendia o princípio de que estas variedades, as quais chamou de "indígenas", deveriam ser o ponto de partida da seleção, bem como o material utilizado em futuros cruzamentos. E de fato isto aconteceu, em 1925, com a vinda para Alfredo Chaves do geneticista sueco Iwar Beckman, contratado pelo governo brasileiro com base na indicação feita pelo professor Herman Nilsson-Ehle do renomado Instituto Svalöf da Suécia.
Quando deixou a estação de Alfredo Chaves, em 1924, Carlos Gayer apresentou um relatório contendo os resultados dos cinco anos de trabalho, 1920 a 1924. Neste, fez uma descrição detalhada de 160 variedades de trigo, de 32 tipos de cevada, de 10 variedades de aveia e de 2 centeios selecionados naquela estação experimental.
Carlos Gayer e seus irmãos se mudaram para Itapetininga, São Paulo, em 1925. Tinham por missão fundar uma estação experimental e de seleção de sementes anexa à fazenda modelo "Marianov". Na estação de Itapetininga, Carlos Gayer trabalhou de 1925 a 1930. Depois passou para o Departamento de Fomento da Produção Vegetal, Seção de Cereais e Diversos, da Secretária da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado de São Paulo. Neste Departamento, incentivou o cultivo de trigo e de outros cereais de inverno em São Paulo, escrevendo diversos textos sobre instruções práticas de cultivo. Baseando-se na sua experiência no Sul do Brasil, 1913 a 1924, e em Itapetininga, 1925 a 1930, foi sempre um entusiasta da cultura de trigo no Brasil.