OPINIÃO

Competitividade: Brasil vence a Venezuela e a Mongólia

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O Brasil ocupa a 61ª colocação dentre as 63 nações mapeadas pelo Índice de Competitividade Mundial 2017 (World Competitiveness Yearbook – WCY), divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD), com sede na Suíça, e pela Fundação Dom Cabral (FDC), escola de negócios brasileira com atuação internacional. O país caiu quatro posições em relação ao ano passado.

O resultado consolida uma tendência gradativa de perda de espaço no cenário competitivo internacional. Em sete anos, o Brasil perdeu 23 posições no relatório global do IMD. O estudo é publicado desde 1989 pelo IMD e, no Brasil, conta com a parceria da FDC. Depois de atingir sua melhor posição em 2010 (38º lugar) o Brasil figura agora como um dos países menos competitivos do mundo, ao lado de Ucrânia (60ª), Mongólia (62ª) e Venezuela (63ª), nas últimas posições. 

No topo do ranking, Hong Kong lidera pelo segundo ano consecutivo, seguido por Suíça e Cingapura, que ao subir uma posição, levou os EUA a sair das três primeiras posições pela primeira vez na década. Para o professor Arturo Bris, diretor do Centro Mundial de Competitividade do IMD, os indicadores de Hong Kong, Cingapura e Suíça que mais tiveram destaque estão relacionados à eficiência do governo e dos negócios e à produtividade. "Esses países mantiveram um ambiente favorável às empresas, e incentivam a produtividade. A China, por exemplo, teve melhorias em diversos fatores atribuídas à sua dedicação ao comércio internacional. Isso continua a impulsionar a economia e a melhoria da eficiência do governo e dos negócios", afirma.

Este ano é a primeira vez que o IMD publica um relatório separado com a classificação da competitividade digital dos países. Indicadores de tecnologia e infraestrutura científica já estão incluídos no ranking geral. No entanto, o novo Ranking traz novos critérios de mensuração da capacidade dos países de adotar e explorar tecnologias digitais que levem à transformação das práticas governamentais, dos modelos de negócios e da sociedade em geral.

O Brasil obteve, em 2017, 55.829 pontos no índice agregado de competitividade, o que representa um avanço de 4.153 pontos em relação a 2016. O aumento, entretanto, foi insuficiente para gerar avanços no ranking geral. 

“Em comparação a 2010, ano em que ocupou a sua melhor posição (38ª), o Brasil apresentou uma perda de aproximadamente 10% em competitividade. A queda apresentada em 2017 não é apenas relativa, mas também absoluta se observada no longo prazo”, explica um dos autores do estudo, o professor Carlos Arruda, da FDC.

“O Brasil precisa de cuidados”, alerta Arruda. “Mas em um contexto político abalado e extremamente incerto, é um desafio mover pessoas e recursos em prol de um projeto de nação. Sob um olhar crítico, temos uma carga de entraves históricos aliada a uma nova carga política e institucional cujo resultado ameaça, como em 1980, encaminhar a economia brasileira para uma década perdida. Este relatório tem por objetivo discutir condições de reverter esse cenário”, completa. 

Arturo Bris, do IMD, também acredita que o Brasil, assim como a Ucrânia e a Venezuela, está no final da tabela devido à agitação política e econômica que vive. "É esperado que esses países ocupem estas posições por tudo o que acompanhamos nos noticiários sobre as questões políticas atuais. Mas, estas questões estão na raiz da má eficiência dos governos, e isso diminui as posições no ranking", enfatiza Arturo Bris.

Para um país das dimensões continentais do Brasil, com toda a riqueza natural abundante que possuímos, parece surreal estar a frente somente da Mongólia e da Venezuela. O atual ranking de competitividade reflete o “momento retrovisor”, estamos no século XXI e somos governados por líderes do século XIX. A grande oportunidade é que temos muito para fazer, para não dizer tudo. Sigamos em frente com a nossa esperança de dias melhores.

Fonte: IMD Competitiveness Yearbook 2017?EUR< e Fundação Dom Cabral

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