Buscando debater os desafios impostos aos professores em um período político, social e econômico de muita turbulência o CMP Sindicato promoveu, nesta quarta-feira (23), o IV Congresso dos Professores Municipais. Com o tema “Professor: resistência, democracia e saúde” a atividade teve como objetivo contribuir com análise frente aos inúmeros, ataques aos direitos já constituídos da classe trabalhadora e o aumento significativo de adoecimento da categoria. A atividade foi dividida em duas mesas temáticas, sendo que uma delas tratou dos ataques à classe trabalhadora e os Impactos na vida funcional dos professores, enquanto a outra trouxe para debate a saúde do professor e contou com nomes de peso, como o presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação Heleno Araújo, o professor da UPF Dr. Claúdio Wagner, o dirigente do SINPRO Cássio Bessa e o representante do Sintrajufe Neri Nunes Cavalheiro.
A primeira mesa temática discutiu as inúmeras conquistas resultantes de décadas de lutas da classe trabalhadora organizada, que estão seriamente ameaçadas diante do novo quadro político brasileiro. Um dos convidados, Heleno Araújo, ressaltou que esse é o momento de organizar a classe trabalhadora do campo e da cidade na luta para resistir às pressões e retiradas de direitos para garantir o direito à organização.
“As medidas que estão sendo tomadas aqui são únicas em todo o mundo. Sofremos ataques brutais sob os profissionais e que repercute em toda a população brasileira. Um povo sem educação não tem saúde, não tem segurança, não tem saneamento básico, não tem dignidade para viver”, pontuou o integrante do Fórum Nacional de Educação.
Neri Nunes Cavalheiro lembrou que as mudanças propostas pela Reforma da Previdência atingem diretamente a vida funcional do professor. “ Efetivamente serão 60 anos trabalhados. Essa é uma das poucas categorias que não terão diferenciação entre homem e mulher, para ter paridade e integralidade. Na regra de transição os professores terão que pagar um pedágio de 30%”, explicou.
Na outra mesa temática Cláudio Wagner e Cássio Bessa trouxeram presente a ampliação no papel profissional do professor, que exige novas competências e acrescendo responsabilidades aos profissionais, bem como sobrecarga de trabalho. Com isso a categoria se tornou uma das mais doentes, com altos índices de stress, Síndrome de Burnout, Distúrbios Psiquiátricos Menores e até sintomas de depressão. Bessa ressaltou que os índices são altos se comparados a outras categorias.
O médico e professor da UPF Cláudio Wagner destacou a importância de espaços de formação e aprendizado como o Congresso dos Professores Municipais. Em sua fala Cláudio destacou a importância de o professor lidar com stress, já que nem todo o stress é patológico. “Quando não é patológico, o stress move o indivíduo ao crescimento e ao desenvolvimento e por isso é essencial aprender a aceitar esse stress, embora ele possa ser incomodo. É importante cuidar de si mesmo, fazer nada ou desenvolver um hobby, pois assim o professor vai reestruturar sua energia psíquica e se sentir mais pronto e preparado para lidar com as demandas de uma escola”, disse. A dirigente do CMP Sindicato Regina Costa dos Santos pontua que a discussão é necessária e que a temática do Congresso é pertinente para o momento. Lembra que os professores municipais participaram massivamente das discussões e mobilizações realizadas no município em um momento histórico decisivo.