A educação condutiva no tratamento de pacientes neurológicos ainda não é comum no Brasil. A técnica desenvolvida na década de 1940 na Hungria busca o desenvolvimento integral de pacientes com problemas neurológicos a fim de permitir que se desenvolvam e possam ter autonomia em algumas situações. Em Passo Fundo, desde 2015, a ONG Poder Fazer oferece essa opção. Os resultados são visíveis e representam melhor qualidade de vida tanto para os pacientes quanto para as famílias.
A ideia surgiu após o conhecimento de uma experiência com o uso da educação condutiva realizada em Itajaí. Conforme Idanir Rozanski, atual presidente da ONG Poder Fazer, o método utilizado lá encantou logo de início surgiu o interesse de trazes esta proposta a Passo Fundo. Desde 2015 o trabalho é desenvolvido pela ONG que enfrenta dificuldades, especialmente financeiras, para manter as atividades.
Para cada aluno é desenvolvido um programa próprio de desenvolvimento e sempre são trabalhados grupos de até quatro pessoas. Um condutor do México trabalha em parceria com a ONG orientando a fisioterapeuta responsável aqui para o desenvolvimento das atividades. A educação condutiva prevê não apenas a reabilitação física. Ela envolve aspectos intelectuais e de socialização dos alunos. “Os programas são desenvolvidos em grupos e trabalham todo o lado de socialização e eles gostam muito. As crianças se espelham muito uma das outras, além disso, tem o sentido de respeitar o espaço do outro, a deficiência do outro”, explica Idanir que também tem um filho atendido na ONG.
Os alunos são ensinados a realizar os movimentos para atividades como andar, comer, sempre de acordo com a possibilidade de cada um. Dependendo do grau de comprometimento motor, ás vezes é necessário duas pessoas para ajudarem a executar o movimento. “Precisamos de um condutor que coordena o programa em grupo e para cada aluno uma ou duas pessoas para facilitá-lo”, acrescenta. O tempo de aprendizagem e execução de cada aluno é respeitado para que eles possam se desenvolver.
Atualmente a ONG funciona junto ao CRAS Planaltina, onde funcionava a Escola Fofão, o espaço foi cedido pela Prefeitura e ainda está sendo adequado o espaço. Os atendimentos contam com uma fisioterapeuta contratada que orienta as quatro mães que são facilitadoras. Semanalmente, são atendidas 12 pessoas pela ONG.
A mãe Clair Gonçalves de Ávila descobriu o trabalho desenvolvido pela ONG há pouco mais de dois anos. Desde então, decidiu que o filho, Melquisedéqui de Ávila Falcão, de 12 anos, participaria do trabalho. Antes ele já era atendido em outra instituição da cidade, mas a ideia do trabalho da educação condutiva atraiu a atenção da mãe. A criança tem um comprometimento neurológico desde o nascimento. “Consigo ver um avanço. Hoje ele está muito bem. Dando a mão ele caminha e antes ele era uma criança que só queria ficar deitadinha e achei muito válido o trabalho”, avalia.
Até os dez anos, antes de iniciar o tratamento com a educação condutiva, ele tinha dificuldades para se manter sentado sem apoio e para ficar e pé. Desde que iniciou o trabalho com a educação condutiva ele apresenta muitos avanços e, agora, a mãe busca ajudá-lo a aprender a comer sozinho. Ele participa das atividades na ONG duas vezes por semana, mas em casa a mãe também dá continuidade ao trabalho. “Hoje, ele se sente mais seguro, antes era uma criança com muito medo e muito insegura”, lembra.
A fisioterapeuta da ONG, Anieli Ebbing, explica que a educação condutiva tem uma série de diferenças em relação á fisioterapia tradicional e foi criada na década de 1940, na Hungria. Além de trabalhar a parte motora, a educação condutiva trabalha questões cognitivas ao realizar os programas em grupos que permitem a socialização entre os alunos. Além disso, busca que os alunos façam os movimentos com a maior independência possível. Outra característica é a de buscar desenvolver nas crianças a capacidade de organização cerebral, para que partes que não tenham lesão possam cumprir a função de áreas lesionadas. Cada programa dura um mês e os exercícios têm dificuldade progressiva. “Vejo que o grande diferencial é o de desenvolver a parte cognitiva, porque fazer a criança começa a fazer não só quando está na aula, mas na vida. Além disso, a parte motora a inteligência e eles se tornam alunos mais concentrados e rápidos na resposta”, avalia sobre os resultados do trabalho.
Para ajudar
Quem tiver interesse em auxiliar a ONG ou mesmo buscar informações sobre o serviço e como utilizá-lo pode entrar em contato diretamente com a presidente Idanir pelo telefone 54 98129-7351.