Passo Fundo se prepara para a Jornada

A menos de um mês do início da 16ª Jornada e 8ª Jornadinha Nacional de Literatura, a comunidade se envolve em diferentes ações

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Grupos se reúnem para fazer leituras coletivasGrupos se reúnem para fazer leituras coletivas
Grupos se reúnem para fazer leituras coletivas
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Faltando menos de um mês para o início da 16ª Jornada Nacional de Literatura e da 8ª Jornadinha Nacional de Literatura, a cidade de Passo Fundo, onde a movimentação literária acontece entre os dias 2 e 6 de outubro, vem se preparando para receber os escritores convidados nesta edição. As atividades de Pré-Jornada e da Pré-Jornadinha têm mobilizado a comunidade na leitura das obras indicadas e na realização de diferentes ações para reforçar o principal objetivo das Jornadas Literárias que é a formação de leitores. 

Leituras Livres

Uma dessas atividades, proposta pela comissão organizadora das Jornadas Literárias, é o Leituras Livres, que incentiva leitores a se reunirem para compartilhar suas experiências com as obras indicadas na Jornada. Para isso, a comunidade precisa ler as obras, se reunir entre amigos, familiares ou colegas e discutir suas impressões, documentar os encontros e enviar para a comissão organizadora da Jornada. Mais ou menos o que um grupo vem fazendo há cerca de um mês na Universidade de Passo Fundo (UPF). 

Incentivados pela proximidade da Jornada, acadêmicos dos cursos de Letras e História da UPF vêm se reunindo no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Instituição para se preparar para a Jornada. A iniciativa partiu, entre outras pessoas, da acadêmica do nível VIII de Letras Lissara Kauane Delphino Alves. “Nós começamos a ler os livros e a nos reunir para conversar. Eu li muitos livros, mas senti que faltava me aprofundar mais, então começamos com os encontros. O primeiro teve quatro pessoas, começamos a divulgar, convidar amigos e o grupo foi aumentando”, contou. 

O objetivo do grupo, que se reúne todas as segundas-feiras, é o de, a cada semana, ler pelo menos um livro das obras indicadas. A partir daí, nos encontros, cada integrante compartilha sua percepção sobre a leitura. “É importante a gente ressaltar que não é uma fala acadêmica, é um grupo de leitores que se reúne para falar sobre suas experiências sobre a leitura. Gostei, não gostei, o que eu senti lendo, que parte eu gostei mais, por que foi importante conhecer esse autor. A gente pegou autores que não são tão conhecidos, que são importantes, que têm boas obras, mas que não estão na mídia”, destacou Lissara. Até agora o grupo já leu obras de Michel Laub, Julián Fuks, Conceição Evaristo, Marina Colassanti, Roger Melo e de uma das homenageadas, Clarice Lispector. A escolha foi feita inicialmente pelo tamanho das obras. “Escolhemos livros não muito extensos, para dar tempo de ler em uma semana, e deixamos os mais densos para o final”, lembrou. 

Além de falar sobre as obras, os integrantes também se preocupam em elaborar algumas perguntas para os escritores para quando eles estiverem na Jornada, o que ajuda a aumentar a expectativa para a movimentação literária. “São oportunidades únicas. Eu acho que, para um leitor, ler um livro, gostar da história e ter a oportunidade de conhecer esse autor, de conversar com ele, é muito fantástico. A expectativa para a Jornada está bastante grande”, completou Lissara.  

Rota poética

Inspirados também por uma das atividades de Pré-Jornada, o Projeto Transversais: Rotas Leitoras, os alunos do Instituto Estadual Cecy Leite Costa foram desafiados a criar sua própria rota leitora: a Rota Poética. A atividade, que envolveu todo o ensino médio em um trabalho de transdisciplinaridade, indo além das aulas de literatura e envolvendo diferentes disciplinas, foi proposta depois que os alunos tentaram realizar as Rotas Leitoras propostas pelo JornadApp e encontraram dificuldades porque alguns adesivos com QR Codes haviam sido retirados em atos de vandalismo. 

Na proposta da escola, os alunos criaram a sua própria rota a partir das obras dos quatro autores homenageados: Ariano Suassuna, Clarice Lispector, Carlos Drummond e Andrade e Moacyr Scliar. De acordo com a professora de Educação Física da escola, Greici Fior, a rota foi criada com trechos das obras que foram transformados em QR Codes e espalhados no entorno da escola. “Espalhamos poesia e leitura nas proximidades da escola. O desafio era os alunos descobrirem quais trechos eram, escreverem as poesias em um papel e colocar em garrafas que foram distribuídas no desfile de 7 de setembro, momento em que a escola homenageou as Jornadas Literárias”, explicou a professora. 

Na opinião de um dos coordenadores das Jornadas Literárias, professor Miguel Rettenmaier, quando uma escola consegue organizar atividades que envolvam a leitura de forma autônoma, é muito positivo para a Jornada, uma vez que todo e qualquer método utilizado na formação do leitor que tenha como fundamento justamente a promoção da literatura, a fruição do texto literário, deve ser visto com ótimos olhos. “Nós temos as nossas dinâmicas de trabalho, como o aplicativo, mas algumas escolas estão trabalhando de maneira independente, dentro de uma mesma filosofia. No caso do Cecy, como eles não podiam fazer a rota leitora dentro daquilo que o aplicativo apresenta, eles produziram a própria rota, ou seja, estão levando adiante a ideia da Jornada de formar leitores e de aproximar o texto literário dos jovens, por isso que a gente apoia tanto e gosta tanto desse tipo de iniciativa”, comentou o coordenador. 

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