Quando o governo Temer assumiu o poder, em maio de 2016, a dívida pública brasileira estava claramente a caminho da insustentabilidade. De acordo com a Professora Monica de Bolle em seu artigo para publicação do Peterson Institute for International Economics em que mostrava que a dívida pública brasileira poderia alcançar patamar próximo de 100% do PIB caso não fossem revertidos os descalabros fiscais do governo Dilma, e caso as reformas propostas pelo governo que parecia estar prestes a substituí-lo não fossem encampadas. Os dados utilizados nesses cálculos seguiam a metodologia do FMI, que difere da utilizada pelo Banco Central, e situavam a dívida pública brasileira em 72,5% do PIB em 2015.
Embora as perspectivas para a atividade econômica tenham melhorado um pouco a recessão parece ter chegado ao fim, ainda que seja difícil ver quais serão as forças propulsoras do crescimento econômico daqui até pelo menos as eleições de 2018; a inflação caiu, e com ela as taxas de juros– o quadro ainda sugere que a dívida brasileira vá chegar muito perto de 100% do PIB ao longo dos próximos 2 anos e meio.
A política explica parte relevante do motivo que leva a dívida brasileira a continuar a trilhar a trajetória da instabilidade. Antes que sobreviesse o episódio Joesley com Temer no porão do Jaburu e todos os desdobramentos que desafiaram a imaginação até mesmo dos mais cínicos observadores da política nacional, Temer e sua equipe já haviam cedido às restrições do momento. Embora tenham planteado as reformas de médio prazo e defendido a sua aprovação como a tábua de salvação do Brasil na desgastada imagem da ponte para o futuro, jamais houve esforço de promover o ajuste de curto prazo das contas públicas.
Por certo, houve tentativas de contingenciar gastos, de segurar despesas na boca do caixa como fizera a equipe da antecessora de Temer. Contudo, o necessário ajuste de curto prazo foi deixado de lado em nome da política. O governo não quis comprar briga com congressistas no urgente tema de desfazer as desonerações de Dilma –as mesmas desonerações que hoje fazem parte das admoestações da OMC (Organização Mundial do Comércio), haja vista que contradizem compromissos do Brasil na instituição.
Para Samuel Pessoal, enquanto lutamos contra as bananas, jogamos R$ 400 bilhões no lixo de incentivos do BNDES, política que os estudos mostram contribuiu para elevar os lucros de algumas grandes empresas, mas não elevou o investimento, outros tantos com uma política desastrada de conteúdo nacional, que lembra a lei “do similar nacional” do nacional-desenvolvimentismo, e tantas outras oportunidades perdidas.
De acordo com os dados registrados em 2016 pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e analisados pela Professora Monica de Bolle, o estrago nas contas públicas já está feito, armado está um imenso problema para quem vier a ser eleito em 2018. De acordo com minhas mais recentes projeções, ao final de 2018 a razão dívida/PIB do Brasil já estará acima de 85%, salto considerável em relação aos cerca de 78% registrados em 2016.
Um país que acredita que as trapalhadas do ex- Procurador Geral da República, ser o grande responsável pela agenda econômica não decolar parece ser um equivoco. Em 2019, primeiro ano do próximo governo e caso nada mais se altere, a dívida deverá beirar os 90% do PIB.
O fato é que o povo brasileiro parece estar “espera de um milagre”, que bastasse simplesmente trocar a cabeça, com uma pessoa que se comunicasse com uma voz forte, e que propusesse de fato um grande milagre seria ungido com o “salvador da pátria”.
A sociedade brasileira como um todo, terá a grande oportunidade em 2018 de realizar um voto consciente, olhando as alternativas que tenham densidade e um projeto para o Brasil real, que contemple reformas transformadoras de longo prazo e que priorizem a educação e a inovação como eixos propulsores de um novo Brasil.