OPINIÃO

O Clube da Puta - acho que você deveria lê-lo

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Hoje no bar Yuca 626, Eleutério quase Paissandu (se é que você ainda não sabe) no final da tarde minha menina Georgia lançará seu primeiro livro nominado O Clube da Puta. Li-o criticamente, mesmo para dar sugestões, com a maior leveza possível, para não ofender a autora. Tem que ser assim porque o escrito fica e, como dizia Valfrido Canavieira, ex-prefeito de Chico City (personagem do imortal Chico Anísio): palavras são palavras, nada mais que palavras. E o vivido deve ser observado, documentado e compartilhado se for para o engrandecimento.

Você que está na plenitude da juventude deveria ler esse livro porque retrata com a profundidade necessária, sem ser maçante, as preocupações de uma geração libertária herdeira de um país confuso político-economicamente, ao ponto de que uma considerável fatia de jovens e adolescentes considerarem seriamente a possibilidade de chutar o balde e se mandar pra qualquer lugar onde possa haver paz social e oportunidades de crescer profissionalmente. O Clube da Puta aborda mazelas, massacres, miscigenação; aborda histórias de adolescentes mortificados pelas experiências dos relacionamentos falidos e das desgraças pequenas ou grandes que habitam o cotidiano das vidas deles. Fala de anseios, fala de referências, fala de pais e professores, também. Acrescenta com exemplos referenciais os seriados que os adultos desconhecem e que carregam pequenas-grandes angústias pelos dramas da vida que inicia, dramas de relacionamentos com os pais, namorados-namoradas, amigas, enfim. Além de compartilhar pequenas-grandes tragédias oferece reflexão crítica e estimula reações às intempéries do cotidiano no que toca ao mais difícil dos convívios, o dos relacionamentos humanos. Você que é cinquentão-sessentão como eu também deveria lê-lo. Porque estampa o mundo que nossos filhos vivem e habitam e não contam pra gente. Ora, sempre quisemos saber o que pensam, os dramas que vivem e que, como nossa geração, segredamos migalhas para nossos pais. Entre nós e nossos jovens filhos há uma distância de 30-40 anos e muitas coisas são outras, tão outras que parecem ser o avesso do avesso do avesso do avesso, miríades de ideias on-line que confunde pais e professores. Nada melhor do que eles exteriorizar os abalos e as decepções, nada melhor que assisti-los em suas revoluções de pensamentos.

Sabe de uma coisa: eles estão em outra vibe, eles pensam diferente de nós, eles têm as redes sociais, suas informações são instantâneas, não querem se escravizar e a maneira com que se relacionam é muito diferente de nós velhotes.

O Clube da Puta não é sobre putaria, é sobre preconceitos, sobre relacionamentos, sobre expectativas de um mundo compartilhado entre pessoas de pensamentos diferentes escrito com a mão e o coração de uma garotinha de apenas 23 anos, aquela mesma que levamos ao Colégio Conceição há 18 anos para seu primeiro dia de aula. Escreve muito melhor que seu pai; não deveria ser diferente, é para isso que existem pais e professores – para criar gente melhor que nós.

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