O Relatório Global de Competitividade 2017-2018 publicado esta semana pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Fundação Dom Cabral, constata uma evolução no aspecto institucional brasileiro, sobretudo com o combate à corrupção e liberdade do poder judiciário. Os primeiros passos rumo às reformas e simplificações regulatórias são também parte dos avanços que permitem ao Brasil oferecer um ecossistema mais propício à inovação – condição fundamental para a retomada do crescimento econômico e do desenvolvimento social.
Com base em dados estatísticos e em uma extensa pesquisa de opinião realizada com mais de 14.000 executivos em todo o mundo, o Relatório Global de Competitividade evidencia que dez anos após a maior crise financeira da história do capitalismo, o mundo começa a dar sinais de recuperação. A expansão atual é de caráter cíclico, impulsionada por taxas de juros muito baixas e não por mudanças em fatores estruturais relevantes. Ainda que os patamares de crescimento da produtividade, de investimento e de emprego não retornaram aos níveis anteriores a 2008, uma nova realidade se constitui.
Com a participação de 137 países, o ranking global de competitividade liderado pela Suíça, Estados Unidos e Cingapura apresenta o Brasil na 80a posição. Apesar de um ganho tímido de uma posição, o país avança comparativamente a outros em pontos chaves para retomada do crescimento e desenvolvimento. Encerra assim uma longa tendência de queda e dá sinais de recuperação econômica e competitiva.
A gradativa recuperação econômica é absolutamente relevante, bem como a reversão da trajetória de perda de competitividade do país. Ao mesmo tempo em que há motivo para otimismo, é dever reconhecer o quão distante o Brasil está das economias mais desenvolvidas do mundo, sobretudo em produtividade e intensidade tecnológica.
O relatório aponta algumas oportunidades, as quais podem ser convertidas em ganhos reais de competividade nos próximos anos. Destacamos: 1) Flexibilização trabalhista: A aprovação da reforma trabalhista marca uma nova era no regime regulatório brasileiro, com o potencial de levar ao desafogamento da justiça do trabalho e simplificação das relações trabalhistas. Com a ampliação das possibilidades de negociação e a flexibilizações de questões como jornada e tempo de trabalho, espera-se que a produtividade aumente, assim como os salários no médio prazo.
Cabem às empresas brasileiras compreenderem e trazerem para dentro de seus negócios as novas regras para que a partir dela seja extraídos maiores benefícios desse novo regime, em sintonia com as novas tecnologias. 2) Parcerias público-privada: Ainda que a crise política e econômica limite as possibilidades de ação e articulação do Estado brasileiro, abrir espaço para um novo modelo de relações público-privado significa uma necessidade. Mecanismos como privatizações e licitações podem permitir a redução de custos por parte do governo, desafogamento da máquina pública e incentivo para a entrada de novos players na oferta de atividades e funções até então exclusivas do Estado. Seja quais forem as áreas e regras pelas quais essa parceria venha a se intensificar ou se estabelecer, constitui-se uma oportunidade impar para ganhos estratégico e competitivos para a economia brasileira.
Nos indicadores de saúde e educação primária, foi registrado uma alta de duas posições. Tal movimento é explicado sobretudo pelo aumento da taxa de matrícula na educação básica para 92,7% (aumento de 8 colocações), enquanto a qualidade de ensino permanece estável na 127a posição. No grupo de indicadores considerados potencializadores de eficiência, o país avançou timidamente em alguns subfatores, e comparativamente ainda permanece estagnado.
No pilar educação técnica e superior o Brasil avançou seis posições movido por melhorias em subfatores, tais como qualidade das escolas de negócios (ganho de 4 posições), maior disponibilidade de serviços de treinamento (+6 posições) e acesso à internet em escolas (+3 posições). Houve, contudo, decréscimo significativo na taxa de inscrição de alunos do ensino médio (-12 posições) e ensino superior (-3).
No momento em que a retomada da economia parece estar no horizonte brasileiro, os dados da pesquisa da Fundação Dom Cabral com o Fórum Econômico Mundial, trazem a grande oportunidade para o conjunto da sociedade brasileira refletir sobre o seu futuro. Cabe aos poderes públicos em todas as esferas, a sociedade civil organizada encontrarem e estabelecerem consensos sobre as oportunidades, escolhas e o tamanho da esperança que podemos ter com nossa Nação.
Fonte: Fundação Dom Cabral/ Fórum Econômico Mundial