Os olhares atentos dos alunos do 7º ano da Escola Municipal Eloy Pinheiro Machado se encontraram, na manhã desta segunda-feira, 16, com um cenário diferente daquele com que estão acostumados a observar no dia-a-dia: caderno e caneta foram trocados por pés descalços; no lugar da sala de aula da escola, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Instituto Menino Deus; ao invés de rostos conhecidos, os rostos dos alunos – também do 7º ano – do IMD. A integração dos alunos das duas escolas faz parte das atividades do Projeto Rio Passo Fundo - desenvolvido pelo Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS), com o apoio do Museu Histórico Regional (MHR) e do Museu Zoobotânico Augusto Ruschi (Muzar), e realizado a partir do Programa CAIXA de Apoio ao Patrimônio Cultural Brasileiro 2017/2018 – e busca o compartilhamento de experiências, aprendizado e conhecimento.
Trilha sensitiva: estimulando sensações
Ainda que venham de realidades diferentes, os dois grupos de alunos se transformaram em um único grupo sedento por informação. Divididos em estações, em meio às árvores, os alunos do IMD apresentaram à escola Eloy – que é ribeirinha ao Arroio Miranda, responsável por 60% do abastecimento de água da cidade - um pouco daquilo que aprenderam a respeito do meio ambiente. Depois da troca de informações, um a um, os alunos da Eloy foram acompanhados pelos estudantes do IMD em uma trilha sensitiva – com olhos vendados e pés descalços - preparada em meio a uma área preservada dentro do Instituto. Pelo caminho, os alunos tiveram que colocar as mãos em objetos, plantas e outros elementos que ajudaram a compreender melhor a realidade do meio ambiente. Para Ana Laura Reveilleao, aluna do Menino Deus, a atividade, além de proporcionar o encontro com outros alunos, proporcionou a troca de conhecimento. “Foi muito legal porque fazíamos a trilha apenas com o pessoal da escola e foi muito bom, uma experiência diferente que não tínhamos tido antes. Percebi que algumas pessoas sentiram medo de tirar o sapato ou dos olhos vendados, mas depois viram que a ideia é estimular o sentido mesmo. A troca foi muito interessante”, comenta.
A percepção de Ana Laura vai ao encontro do que sentiu Joana Pimentel Ramos, aluna da escola Eloy. “Gostei que pudemos ver toda a natureza, como ela é, mais limpa e sem a interferência do homem. A gente pode conhecer novas pessoas, conversar, caminhar com os alunos. Aprendi muito com a experiência”, coloca. Para a professora de Ciências do IMD, Nádia Fante Escobar, a atividade foi produtiva para as duas realidades. “Esse trabalho veio enriquecer os nossos alunos que tiveram que aprender a se dominar, a ser responsável pelo outro. Sei que os alunos aprenderam muito juntos. Fiquei muito feliz em perceber essa troca”, complementa.
RPPN: um respiro no meio da cidade
Além da trilha perceptiva, os alunos participaram, juntos, de uma trilha pela RPPN do Instituto Menino Deus acompanhados pelos professores. A proposta foi de apresentar às crianças a biodiversidade e, dessa forma, resgatar a essência da sensibilização ambiental. “As nascentes do Rio Passo Fundo estão aqui, na nossa cidade, e muitas vezes damos as costas para elas. O Projeto busca, justamente, mudar essa percepção que se tem a respeito desse Rio que é de todos. A proposta é que essa geração tenha uma nova visão a respeito do meio ambiente, afinal, todos nós somos e fazemos parte do meio ambiente”, conclui Débora Bueno, uma das responsáveis pela metodologia do Projeto Rio Passo Fundo. Agora, depois da atividade desenvolvida, os alunos serão desafiados a produzir um desenho, texto ou outro material que fale a respeito daquilo que vivenciaram durante a manhã. O material será exposto para a comunidade durante uma atividade do Projeto Rio Passo Fundo, no final de outubro.