OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

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Rancor dos corruptos
O jovem ministro da Cultura Marcelo Calero foi uma exceção na sua passagem efêmera pelo governo Temer. O diplomata de carreira denunciou pressões do antão ministro Geddel Vieira de Lima, que exigia privilégios ilegais numa obra particular. Com seu comportamento honesto, deixou o governo. Geddel ocupava a destra de Temer e, certamente desprezou a postura de lealdade de Calero em defesa de seu país. O noticiário tratou como figura quase ingênua, o que seria uma bomba no colo do governo Temer. Passou praticamente em branco. Gestos de fidelidade ao povo em clamor de justiça são tão raros restando abafados como centelhas no fundo desta caverna escura do poder. Vejam, agora, o ex-procurador Rodrigo Janot, que é atacado violentamente na sua trajetória de denunciante contra a corrupção. “Veritas parit odium” (a verdade gera ódio), neste cenário lúgubre onde cumprir o dever, não se vender, é ousadia e heroísmo mudo. As pessoas de bem, que se propõem ser honestas, preparem-se para o rancor dos corruptos!

O sistema
Às vezes, para não reconhecermos que há trama em tudo, somos levados, ou leves ao que se chama: voto de confiança. O povo acreditou que ocorrendo o impeachment da presidente Dilma obviamente haveria o estancamento da sangria pela corrupção. Temer assumiu e já teve grande parte de seu ministério envolvido em denúncias. Ele próprio foi denunciado em pleno exercício da sagrada presidência. E o crime continuou. Os articuladores do impeachment sabiam dos envolvimentos de Temer. Talvez por isso foi escolhido, garantindo que a lambança ia continuar. A manobra colocou Temer na presidência, por quê? Certamente, se o substituto de Dilma fosse rigoroso observador das leis (ilibado) e de correção ética, não cairia nas graças desse grupo que se revela mais contaminado, no Congresso. Que má sorte esta reservada ao povo! Quem diria que o estofo para o mal seria o grande mote na substituição da presidência!

Lidiane Leite
Lembram da ex-prefeita Lidiane Leite, de Bom Jardim? Aquela loira histriônica que sacudia seios generosos na pista da balada? Pois esta figura era citada por uma burguesia ridícula de nosso país, como moderna expressão de gestão. Isso acontecia há dois anos. Citavam-na como sucesso pela aparência física e não perdiam a chance de desprezar mulheres na liderança política, possivelmente cumpridoras do dever, mas sem dotes estéticos como a tal loira. Recentemente houve denúncia de corrupção acachapante no governo municipal de Bom Jardim. Ela gastou o dinheiro na badalação da balada. Poderia ter sido bela e honesta. Mas preferiu usar na boate o dinheiro do cemitério e educação. A lição é singela e universal: Aparências enganam!

Condição degradante
Primeiro as regalias da renúncia fiscal presenteadas aos grandes proprietários devedores da Brasil, às vésperas de mais uma condescendência a Temer e seus ministros. Agora as medidas ordenam o desmonte do combate ao trabalho escravo. A ficha suja dos exploradores não terá mais transparência para repúdio comercial. A nova ordem é um crivo político ao tratamento degradante que equivale ao trabalho escravo. A bancada ruralista exulta, agradece, ou agradecerá quando livrar Temer e os ministros do processo criminal no STF. Parece o poder de Nero, com a fronte engrinaldada, na destruição de Roma. Estão incendiando nossa democracia.

Tucanos de Aécio
O Senado devolveu a plena liberdade restringida com medidas cautelares aplicadas pelo Judiciário ao senador tucano Aécio Neves. Logicamente, com a aliança PMDB/PSDB, está definitivamente selada a defesa de Temer. Ao PT resta apenas concordar com críticas a Janot, que de nada adiantarão.

Retoques:
?As pessoas simples, do povo, tentam conter o desespero do desemprego, hospitais em greve, violência na cidade e no campo. Não falta muito para se ouvir o grito de angústia da mais forte epizeuxe bíblica “Eli, Eli, lamma sabachtani?” (meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?)

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