Moradores do interior de Passo Fundo querem mais segurança

Em reunião, moradores, Brigada Militar e legislativo discutiram a situação da (in)segurança no interior

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O Legislativo de Passo Fundo tomou a frente e, apoiado pela Brigada Militar, busca qualificar a segurança pública oferecida aos moradores da zona rural do município. Na tarde desta quinta-feira (26), em reunião, que contou com a participação de subprefeitos e produtores dos distritos da cidade, foram destacadas as principais demandas das comunidades e, através de depoimentos dos moradores, foi evidenciada a gravidade da situação.

Em cada relato, eram exemplificados atos de criminalidade distintos, mas que se assemelhavam por um motivo: o medo diário vivido pelos moradores dos cinco distritos de Passo Fundo e demais comunidades. “Ficamos eu, minha esposa, meu filho e minha filha deitados no chão por 20 minutos. Não tem o que fazer. Se tu resolve reagir, eles te matam”, contou um dos produtores, enquanto outro considerou que a única maneira encontrada de conviver com a realidade atual foi o porte de armas. “Lá, na zona rural, onde a Brigada Militar não pode estar a todo momento, quem tem que fazer a nossa segurança somos nós mesmos”, relata.

O sentimento de insegurança aumentou no mês de outubro, quando as ocorrências registradas no interior ampliaram significativamente. A mais recente, ocorrida na quarta-feira (25), culminou na morte de um morador do distrito de São Roque. Conforme o comandante do 3º Regimento de Polícia Montada (3º RPMon), major Paulo César Carvalho, uma das pessoas envolvidas no latrocínio – roubo seguido de morte – só pode ser capturada porque a Brigada Militar já havia intensificado as ações ostensivas de segurança nas comunidades do interior. “A Brigada Militar está trabalhando muito forte em Passo Fundo, tendo quase 30 mil abordadas, de janeiro até outubro. Estamos dando uma atenção especial para o interior e já solicitamos uma cota especial de hora extra para os polícias devido a essas questões”, disse.

Outro ponto questionado pelo comandante diz respeito às ações do judiciário que possibilitam a soltura de pessoas com extensa ficha criminal, a exemplo do caso ocorrido na quarta-feira, quando o acusado estava cumprindo o regime semiaberto. “Marginais com extensa ficha criminal estão soltos. Precisamos questionar o que acontece nos demais setores responsáveis pelo julgamento e prisão dessas pessoas”, observou.

Da mesma forma, o presidente da Câmara, vereador Patric Cavalcanti (DEM), destacou que a ação da Brigada Militar tem sido efetiva e que outras medidas precisam colaborar com a qualificação da segurança pública. Cavalcanti avaliou que uma das ações que podem contribuir se refere à melhoria dos setores de comunicação nas áreas rurais. Ele citou que, em 2010, através de uma Comissão Especial de Inquérito (CPI), a Câmara cobrou das empresas de telefonia e, também, do Executivo Municipal a instalação de antenas telefônicas nos distritos de Passo Fundo, possibilitando que essas famílias contassem com um sinal adequado na rede telefônica e de internet. “De uma certa forma, a zona urbana tem mais segurança e esses marginais identificaram isso. Precisamos encontrar alternativas que colaborem com a ação da Brigada Militar e uma delas é a qualificação do sistema de telefonia e de internet. A Oi é a empresa que ganhou a licitação no Estado para levar a internet ao interior e vamos cobrar essas ações para garantir mais uma forma de monitoramento”, disse.

Vigilância por câmeras

Já o presidente na Frente Parlamentar da Segurança Pública, vereador Marcio Patussi (PDT), defendeu que a vigilância por câmeras pode ser uma importante aliada dos setores da segurança pública. Ele lembrou que a terceira etapa do Projeto Guardião dispõe sobre a ampliação do sistema de videomonitoramento às comunidades do interior e que a Câmara de Vereadores é uma das patrocinadoras da proposta. “A Câmara aporta cerca de R$ 1,4 milhão da atual etapa do Projeto Guardião, o que representa aproximadamente metade dessa ação. Com a conclusão desse processo, vamos levar o videomonitoramento para o interior. Será uma importante medida para fortalecer as comunidades”, apontou.

Ao encontro da fala de Patussi, o comandante do 3º RPMon, major Carvalho, reiterou que a tecnologia é aliada da segurança pública, uma vez que o número de policiais já não é o mesmo que antigamente. “Já passou o tempo em que a Brigada Militar dispunha de um policial em cada esquina da cidade. Nosso efetivo diminuiu e precisamos de alternativas para suprir as demandas do setor”, esclareceu.

Defensor da comunidade do interior e ex-morador do distrito de São Roque, o vereador Leandro Rosso (PRB) disse que a comunidade do interior cobra ações do Legislativo. “Escutamos as demandas. Constatamos que a rede de internet é essencial para a segurança pública, que o Projeto Guardião precisa ser ampliado à zona rural e uma das formas que o Legislativo pode colaborar é com a destinação das emendas impositivas”, disse o parlamentar ao garantir que o investimento do seu gabinete será destinado ao projeto.

Quando solicitou a reunião com o comando da Brigada Militar, o vereador Ronaldo Rosa (SD) não imaginava que ela ocorreria um dia após o crime no distrito de São Roque. O parlamentar considerou importante a reunião, bem como a participação dos produtores. “Tivemos uma participação expressiva de moradores dos cinco distritos e saímos com boas ideias que vão dar bons resultados. Além das câmeras de vigilância, uma das ideias é a instalação de GPS nessas localidades, o que vai facilitar a ação da Brigada Militar”, citou.

Representantes

Como encaminhamento da reunião, o Ministério Público Estadual e, também, o Executivo – que embora tenha sido convidado, não encaminhou representantes para a reunião – devem ser acionados, assim como as empresas de telefonia. A Brigada Militar, que se comprometeu em intensificar as abordagens na zona rural, realizará reuniões orientativas nas comunidades do interior. Os parlamentares que participaram do encontro, por sua vez, irão fortalecer com os demais vereadores a destinação de emendas impositivas para o Projeto Guardião.  A Frente Parlamentar da Segurança Pública dará prosseguimentos às demandas. Além dos vereadores Cavalcanti, Patussi, Rosa e Rosso, participaram Claudio Rufa Soldá (PP), Fernando Rigon (PSDB) e Renato Orlando Tiecher (PSB).

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