Mesmo antes da participação da guerreira líder, Dandara dos Palmares, as mulheres seqüestradas de suas tribos na África suportavam a dor mais pungente da escravidão. Castro Alves descreve a tragédia dos navios negreiros e a suprema aflição das mães: “Negras mulheres, suspendendo às tetas/ magras crianças, cujas bocas pretas/ rega o sangue das mães...” Dandara, todavia, simboliza a resistência guerreira ao lado do esposo Francisco Nzumbi, Zumbi dos Palmares. O casal legendário das lutas libertárias foi imolado em meio ao massacre do maior quilombo no Brasil. Foram mães que lutaram e não tiveram tempo para derramar lágrimas. Nos quilombos, os negros construíram instalações produtivas e inteligentes, como hábeis no amaino da terra, caça e pesca. Coisas que a aristocracia improdutiva não fazia, a não ser delegar o trabalho aos escravos. Descendentes africanos sustentaram essa sociedade letárgica de senhores preguiçosos e cruéis que imperou sobre a vida e morte dos súditos. Ainda no século XIX o princípio patrimonialista permitia angariar empréstimos bancários dando escravos como garantia. A maior corrupção do país. Mais de três séculos assim! Séculos de horror toldaram o céu de nossa pátria, mesmo após a Independência. Entendam nossos leitores que relatos de nossa história repleta de dor a covardia não pretendem reacender ódio e amargura. Fazemos isso em nome de idéia de liberdade por uma consciência de resgate do holocausto de tantos irmãos inocentes que deram a liberdade e o próprio sangue para que chegássemos aos dias de hoje.
Amas pretas
Hoje ainda vemos núcleos de privilegiados desconectados em relação ao cenário de violência nas favelas, como se fosse situação de outro planeta. Absorvem a miséria alheia com explicações relativistas espantosas, como se o “poor side of town” (lado pobre da cidade) fosse moral e plausível. Nenhuma réstia de cooperação. Assim agiam os vendedores de escravas que eram objeto de anúncio em jornal, onde essa imoral mentalidade patrimonialista mencionava ofertas de mães, em amamentação para nutrir crianças brancas de mães esquálidas. Sabiam do valor da mulher negra. As mães fortes e com boa produção de leite, podiam ser compradas com filho ou sem filho ainda infante. Esse é o caos profundo, da elite e da “nobreza”, que implantou a cultura do desprezo pelos pobres, negros, brancos ou pardos. Tudo pelo lucro, até o sagrado elo criador de mãe e filho, é superado pela volúpia patrimonialista. As mulheres negras perceberam seus valores insuperáveis.
Sem escola
Outra maldade oficial a que eram submetidos o filhos de escravos: proibição de freqüentar escola. O senhorio explorador sabia que o conhecimento é arma libertária, como apregoa a mestra da Jornada Nacional de Literatura, professora Tânia Rösing. As mães escravas suportavam como ninguém a dor de ter filhos sem escola. Por isso a mulher negra e moderna de hoje vem assumindo liderança e luta pelo saber. Observem, elas lêem cada vez mais.
Avanços
A negritude presente, no trabalho, na cultura, ou nas artes, ciências e desenvolvimento, devolve o senso salvador da cooperação e cidadania. Crescemos todos fitando o mesmo patamar de dignidade. É o sentido de verdadeiro amor cívico que nos redime, numa pátria carente de igualdade. Graças a Deus temos grandes avanços.
Recital Ricordi
A diversidade de canções italianas será o espetáculo do recital Ricordi D’Itália, in Concerto III. O consagrado Coral Ricordi D’Itália de Passo Fundo vai se apresentar dia 1º de dezembro, no Teatro do SESC. Ingressos para o espetáculo musical poderão ser adquiridos com os membros do coral, especialmente com a presidente Glaci Bortolini, ou pelos telefones (54) 9 9931-1076 e (54) 999121585.
Retoques:
- Jorge Picciani (PMDB) mal fazia tinir as taças da impunidade, quando ouviu a nova voz de prisão.
- O capitão Evandro Zambonatto recebe os confrades da Mesa Um do Oasis, nesta quinta-feira, no Vermelhão da Serra. Entre as novidades do Zamba, o falado Pato recheado.