Cerca de 800 trabalhadores do transporte público organizam paralisação para a próxima segunda-feira (18). De acordo com o presidente do Sindiurb, Miguel Valdir da Silva, a ideia é chamar a atenção para a garantia dos empregos na troca da concessão, já que a cláusula que determinava este ponto foi retirada do Marco Regulatório do Transporte Público na metade do ano. “Passamos um ano todo lutando para que a cláusula entrasse no Marco e, em poucos dias, o poder público tirou. Estamos tentando prevenir todas as situações; esta ação parte da indignação de todos”, disse o líder sindical. A cláusula em questão garantia o emprego dos funcionários independentemente da empresa vencedora da licitação. Como foi vetada, os trabalhadores buscam formas de pressionar o poder público a evitar que hajam demissões. Tratando-se disso, os advogados do Sindiurb devem protocolar ainda hoje com ação judicial para que o Município esclareça este ponto de embate. “Nossos advogados estão reunindo a documentação e entre quinta e sexta-feira vamos buscar entender como fica a nossa situação junto da Justiça. A partir disso é o judiciário que vai determinar se temos que tomar outra providência”, completou Miguel Valdir. A paralisação está prevista, a princípio, para a segunda-feira, mas os trabalhadores devem chegar a um acordo na manhã de hoje (15), em reunião.
Outro ponto de destaque a ser encaminhado judicialmente pelo sindicato é a respeito da Codepas. Segundo Miguel, a empresa - que permanece com sua operação após o processo licitatório - transporta torno de 22% dos passageiros. Na divulgação do evento que abria a licitação do transporte público, no final de outubro, o prefeito Luciano Azevedo informou que deve haver redução de linhas da empresa. “Temos a garantia do prefeito de que não haverão demissões na Codepas, mas sabemos que hoje a empresa sofre muito para se manter. Se com 22% dos passageiros, com uma passagem a R$ 3,25 já é difícil, imagina a R$ 3,03. Como vai se manter? Queremos saber qual vai ser a alternativa para isso. Como pode diminuir a receita e continuar tudo igual? Qual é a matemática?”, questionou ele. O panorama visto pelo sindicato é que em pouco tempo os ônibus voltarão a circular com dificuldades de manutenção. “Se formos pensar, agora parece que são os trabalhadores da Coleurb e Transpasso que vão sofrer mais, mas a longo prazo isso deve respingar nos funcionários da Codepas também. Sempre esperamos uma licitação que aumentasse o número de empregos, mas aqui em Passo Fundo tudo é diferente”, comentou.
“É preciso se adequar”, diz secretário
A redefinição da Codepas foi um dos destaques no lançamento da licitação do transporte público. No fim de outubro, o prefeito Luciano afirmou que o número de linhas ia diminuir, mas as que sobrassem tendiam a ser mais lucrativas e que a mudança não implicava na demissão de funcionários. “A intenção é que a Codepas tenha a possibilidade de se manter, investir e remunerar seus trabalhadores. Não há chance de termos, por conta da licitação, algum tipo de alteração no quadro funcional. Deixo este assunto como resolvido”, disse ele. Como a Codepas possui gestão independente, terá que se adequar ao novo modelo e fazer a gestão dentro do que lhe foi apresentado. “No estudo feito, entendemos que a redução [das linhas] e a melhoria dos veículos seriam dois fatores que ajudariam a empresa a cumprir sua função sem problema algum”, disse o secretário de transportes e serviços gerais, Cristiam Thans. Segundo ele, o valor de R$ 3,03 é o vencedor da licitação, mas é provável que haja remanejo entre março e abril. “No próprio edital está previsto esta atualização do valor. A preocupação do sindicato é legítima, mas não podemos trabalhar para uma categoria, mas sim pensar no sistema de transporte como um todo”, pontuou.