OPINIÃO

Fatos 28.12.2017

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Desserviço
O recesso na Câmara de Vereadores pressupõe calmaria pelas bandas do Paço Municipal. Certo? Não quando se trata do vereador Mateus Wesp, PSDB, e o seu mais novo aliado em campanhas polêmicas, Ronaldo Rosa, SDD. Começou com uma enquete no perfil de Wesp sobre o que as pessoas pensavam sobre 'ideologia de gênero' e culminou ontem com um vídeo produzido em conjunto pelas assessorias dos dois edis, chamando a população para assinar um manifesto contra a pedofilia e a sexualização infantil. No conteúdo do vídeo, porém, os dois alertam que é preciso mudar a Lei municipal 5146/2015 que, segundo eles, obriga as escolas a adotar a disciplina de 'ideologia de gênero', a 'ideologia do mal', segundo Ronaldo Rosa. Obviamente que o post nas redes sociais viralizou. Grupos favoráveis e muita gente indignada com a proposta feita pelos dois, qual seja: retirar do Plano Municipal de Educação a 'ideologia de gênero'. Alguns detalhes merecem consideração: primeiro, o PME é fruto de um longo trabalho que envolveu muitas reuniões, audiências e debates e passou pela Câmara de Vereadores; segundo, não existe 'ideologia de gênero'; terceiro, não se pode mudar algo que não existe. Se a intenção era movimentar o cenário político neste apático fim de ano, bom, conseguiram. Só que o tiro pode sair pela culatra.

 

Um pouco de luz
A professora doutora Jimena Furlani, da Universidade do Estado de Santa Catarina, que atua na formação de educadores e profissionais da saúde e segurança pública, concedeu uma entrevista à Agência Pública, em agosto de 2016, na qual explica o surgimento do conceito de 'ideologia de gênero'. Diz ela: "A ideologia de gênero é um termo que apareceu nas discussões sobre os Planos de Educação, nos últimos dois anos, e tem sido apresentado a nós como algo muito ruim, que visa destruir as famílias. Trata-se de uma narrativa criada no interior de uma parte conservadora da Igreja Católica e no movimento pró-vida e pró-família que, no Brasil, parece estar centralizado num site chamado Observatório Interamericano de Biopolítica. Em 2015 especialmente, algumas pessoas se empenharam em se posicionar contra a “ideologia de gênero”, divulgando vídeos em suas redes sociais: o senador pastor Magno Malta, o deputado Jair Bolsonaro, o deputado pastor Marco Feliciano, o pastor Silas Malafaia, a pastora Damares Alves, a pastora Marisa Lobo". Para quem quer acessar a entrevista completa (vale a pena a leitura) fica a dica do endereço: http://bit.ly/2xtQSZY.

 

Sem sentido
Ao relacionar a 'ideologia de gênero' como sendo 'ideologia do mau' a casos de pedofilia, os vereadores ofendem aos mais de 1,2 mil professores municipais e subestimam a inteligência das pessoas. O discurso só é aplaudido ou compartilhado por quem desconhece a profundidade do tema e se deixa levar por fanatismos religiosos. É de lamentar que o ano Legislativo, tão produtivo em Passo Fundo, encerre com um debate retrógado, sem significado para a educação.

 

Balanço
A Câmara de Vereadores de Não-Me-Toque devolveu ao Executivo R$ 285 mil. Resultado da boa gestão dos recursos que cabem ao Legislativo. A Câmara de Passo Fundo tem feito o mesmo nos últimos anos. Na sexta-feira, o presidente Patric Cavalcanti faz o balanço da sua gestão e apresenta os números.

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