A segunda metade do século passado apresentou figuras políticas emblemáticas, a partir da morte do presidente Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954. Getúlio é ainda a imagem mais forte da política. Estadista. Seu desaparecimento dramático entronizou Vargas em clima de comoção nacional nos anais da história. Seu opositor ferrenho, Carlos Lacerda, de inconfundível talento intelectual, não decolou na transfiguração dos mitos. Esbarrou no surgimento meteórico de Jânio Quadros, sucedido por Jango, em meio à convulsão social e política dos anos 60. A morte de Jango no exílio calou muitas aspirações libertárias em plena ditadura feroz no Brasil. O presidente Juscelino Kubitschek, devotado à construção de Brasília acreditou nos enlevos de uma prosperidade que lhe garantiu boa aceitação, mas sem a intensidade de estigma social ideológico. Foi caçado pela ditadura de 64. Lacerda apressou sua ambição presidencial e foi também cassado por ser civil.
Regime de exceção
A Coluna Prestes singrou sertões do Brasil abrindo literalmente heróica rota visionária e utópica do comunismo. Ficou o alerta conservador. Jango foi deposto pela força ao acenar com reformas populares. O regime de exceção gerou resistências e semeou terror. As liberdades individuais e coletivas foram cerceadas durante 20 anos. A morte de Jango em 1976 ativou o sentido humanista contido arbitrariamente. Lágrimas de dor e ânsia de liberdades nas ruas de Porto Alegre. Lembrava-se o senador Alberto Pasqualini, inteligência rara, derrotado nas urnas por Hildo Meneghetti no governo gaúcho. A morte trágica e prematura de Pasqualini ficou na memória doutrinária do trabalhismo. A velha Arena gaúcha apoiava o sistema. O senador Tarso Dutra, probo e reconhecido, foi ministro, mas sumiu no tempo após presidir a então Arena no estado. Sem valorar méritos, citamos algumas das lideranças com maior ligação partidária, fora da dinastia dos marechais que presidiram o país na ditadura.
Tancredo Neves
Sem dúvida, Leonel Brizola, visado pelas forças reacionárias, aliando-se a intelectuais socialmente consequentes, como Darci Ribeiro, mais a liderança de Arraes, era o centro da força conservadora. A ditadura era ainda remanescente na transição. Tancredo Neves emergiu de um esforço de conversações e concessões partidárias, após a luta pelas diretas. Tancredo era um civil, nacionalista desenvolvimentista que sintetizou desejos de liberdade democrática. Morreu antes de assumir e sagrou-se mito nacional. Passaram-se os presidentes e Brizola surge com a força de pensamento político rumo a transformações no país. Disputou a presidência proclamando idéias de emancipação popular, mas faleceu em 2004. É o mais recente mito da política brasileira.
Lula e Temer
Os dois governos do presidente Lula, sem radicalismo, foram de novidades e avanços de idéias sociais. As alianças partidárias e desconsertos de gestão geraram a crise que caiu no colo de Dilma, no segundo mandato. Temer, do PMDB, com a dupla aliança eleitoral assumiu o poder, após o impeachment de Dilma. A aliança implodiu o país em decepções de confiabilidade e rasteiras corrupções. Agora Temer, que negociou o processo de cassação da própria presidência, tenta levantar a popularidade com a aprovação da reforma previdenciária. Lula, prestes a sofrer condenação em segunda instância lança a construção de imagem de perseguido. É um hábil político de persuasão. Sua recém lançada campanha de restauração de imagem é de evidente ousadia. Nos meios cibernéticos é vinculada sua trajetória popular. Chega a ser comparada a Mandela, o líder herói da África do Sul. É impactante ousadia, cujos desdobramentos veremos nos próximos passos da intrigante história do Brasil.
Poder radiante
Há muitos anos acompanhamos relatos sobre o cientista gaúcho, Landell de Moura, tido como o primeiro a descobrir e ondas de rádio. A falta de apoio oficial no Brasil decepcionou o padre exorcista que não teve nem ajuda na igreja. Uma de suas experiências foi o poder radiante da mente e do corpo humano. Isso pode ser mais significativo do que se imagina.