OPINIÃO

Cara

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Tanto Cara (cantada por Guido Renzi) explodiu como sucesso de telenovela. Seguia a onda das românticas músicas italianas dos anos sessenta em que nossos corações badalaram com Gianni Morandi, Bobby Solo, Jimmy Fontana, Nico Fidenco... A Rede Tupi apostava nessa onda musical e Nino, o Italianinho, Vitória Bonelli, A Fábrica e As Bruxas traziam a mágica da paixão latina. Por esses lados, Moacir Franco cantava versões dessas músicas e...bem, tudo passa...Novos tempos, I Santo California; Dori Ghezzi que, junto como americano Wess (Wesley Johnson) fizeram sucesso; Andrea Bocelli, Eros, Mafalda...


Brasil, mostra tua cara...música de Avenida Brasil...lembram? Estamos mostrando ao mundo a cara do político pernóstico, da absoluta falta de critérios sérios para os ocupantes desse governo PT-PMDB-PP-PSDB que assolou o país nos últimos anos. A conta da Petrobrás chegou enfim, para nós; cada um receberá o boleto e ninguém consegue explicar a origem da grana das malas de Geddel. Financiamos obras mundo afora, o BNDES e os fundos de pensão foram saqueados, dizem os entendidos. Os nossos dirigentes saem das páginas policiais e assumem os cargos de cara lavada. Nossos políticos continuam a apertar as mãos dos pobres e a beijar criancinhas em época pré-eleitoral, como sempre foi e sempre será. Interessante os pré-requisitos para fazer parte do governo, pelo menos desse que aí está: ilibação = zero, honestidade e transparência = zero. Folha policial corrida = dez. Aliás, nenhum predicado se faz necessário para altos cargos, nem precisa saber ler; basta saber se comunicar na linguagem do povo. Brasil mostra tua cara...cara de palhaço, roupa de palhaço...


Em 1974, aos dezessete anos eu tinha a solução para os problemas das coisas todas. Perguntava-me: por que os caras deixam o lixo acumular, por que os caras não arrumam essa praça, por que os caras não prendem os gatunos? Ora, sempre foi mais fácil perguntar do que responder. Só que o tempo passou, não dá para ficar perguntando infinitamente, não dá para volver a los 17 e os caras agora somos nós. Somos os caras das respostas. Agora é nóis, mano.


Dizia o comunicador: quando um cara, conhece uma cara nunca acaba com a mesma cara; ou ele ajeita ou quebra a cara (do Memorial Helio Ribeiro). Nós quebramos a cara porque terceirizamos as respostas e os anseios o governo resolveria tudo para nós. Ele retiraria o lixo das ruas, capinaria aquela grama saliente, removeria aquele entulho que atrapalha o escoamento da água da chuva, ele varreria a calçada de frente da minha casa, resolveria o problema da fome e da miséria. Entregamos nossas esperanças para aquele engravatado que estava com as mangas arregaçadas e sorria-nos com a cara de salvador da pátria... Ele era tudo o que precisávamos para, por mágica, resolver tudo para a gente. E nós? Cara de palhaço, roupa de palhaço, rindo de uma duradoura piada sem graça e que vai repercutir logo ali, quando nossos filhos e netos perguntarem porque nós (os caras) não fizeram o que tinha de ser feito?

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